DESPEDIDA ….hoje…
Cansado
De mim, ou da vida
por mim,Venho aqui ao meu terraço
Para me despedir de ti, fim deste ano tão ruim,
Que não deu nem para um pequeno namoro
Nem para te dizer as palavras que para ti guardei;
Não houve tempo. Coitado de mim.
Vieste bonita para o adeus.
Encharco o olhar no brilho que reflectes nesta noite.
Pouso os olhos no prateado
Que flutua em ti
São miríades de estrelas a brilhar
No vestido com que me convidasPara em ti nadar
É então que me decido;
Lanço-me nos teus braços,
Aconchego-me ao teu corpo húmido
Bebo do teu perfume
Afogo-me na doçura dos teus enlaces
Embriago-me no licor dos teus beijos
Teço a rede com que entrelaço teus olhos.Faço-me teu, assim
Na inteireza do meu nu
Como nunca me fiz,Para assim melhor te sentir
E possuir;
Teu desejo a desaguar
em mim
Meu desejo a morrer
em ti.
E sei..sei que amanhã
já não virás
Viverei então de recordações:
voltarei a ser eu
O mesmo de sempre
Inconstante a desatar o nó cego,
Lucidamente a repudiar quanto não enxergoA voltar, lentamente, à realidade.
A sonhar contigo, o mar, e o longínquo firmamento
Serei eu, sozinho
A cantar o azul do meu encantamento;
Contigo no pensamento nunca morrerei dentro de mim!
Mas compreendo uma vez mais
Que não posso ser só teu,E que a ilusão me venceu
Por ora.
Descansa; não sou de
ninguém
Não posso mais dar-mePois não posso moldar-me
A ser outro que não eu,
Tão longe de ti, como de mim.Não …
Não posso ser mais nada
Só eu…Só eu
No intervalo das aventuras
A procurar-mePor entre o vazio das palavras
Que guardo para ti.
SF(7 ag. 2012)
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