sábado, setembro 08, 2012


DESPEDIDA ….hoje…

Cansado
De  mim, ou da vida por mim,

Venho aqui ao meu terraço

Para me despedir de ti, fim deste  ano tão ruim,

Que não deu nem para um pequeno namoro

Nem para te dizer as palavras que para ti guardei;

Não houve tempo. Coitado de mim.



Vieste bonita para o adeus.
Encharco o olhar no brilho que reflectes nesta noite.

 Embevecido
Pouso os olhos no prateado
Que flutua em ti

São miríades de estrelas a brilhar
No vestido com que me convidas

Para em ti nadar

 
É então que me  decido;
Lanço-me nos teus braços,
Aconchego-me ao teu corpo húmido

Bebo do  teu  perfume  
Afogo-me na doçura dos teus enlaces

Embriago-me no licor dos teus beijos
Teço a rede com que entrelaço teus olhos.

Faço-me teu, assim

Na inteireza do  meu nu
Como nunca me fiz,

Para assim melhor te sentir

E possuir;
Teu desejo  a desaguar em mim
Meu desejo  a morrer em ti.

 

E sei..sei  que amanhã   já não virás
Viverei  então de recordações: voltarei a ser eu

O mesmo de sempre
Inconstante a desatar  o nó cego,
Lucidamente a repudiar quanto não enxergo

A voltar, lentamente, à realidade.

A sonhar contigo, o mar, e o longínquo firmamento

Serei eu, sozinho

A cantar o azul do meu encantamento;

Contigo no pensamento nunca morrerei  dentro de mim!

 
Mas compreendo uma vez mais
Que não posso ser só teu,

E que a ilusão me venceu

Por ora.

Descansa; não sou de ninguém
Não posso mais dar-me

Pois não posso moldar-me

A ser outro que não eu,
Tão longe de ti, como de mim.

Não …

Não posso ser mais nada
Só eu…

Só eu

No intervalo das aventuras
A procurar-me

Por entre o vazio das palavras

Que guardo para ti.
SF(7 ag. 2012)

Sem comentários:

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...