sexta-feira, março 22, 2013



 

Nova Mensagem

Hoje, amigo, deixa-me falar de um País
Que foi soldado pelo braço forte de Afonso

Curto da perna mas longo na bravura

Correu  com o moiro iroso que só da vida já cura,

E olhando para a praia ocidental

Afirmou: aqui vai nascer Portugal !

 

Hoje amigo deixa-me falar de uma pátria

Que teve um rei trovador

Que trovou cantigas de amigo

 Por Isabel perdido de amor;

Que as rosas não eram o bastante de lhe bastar

 Mas urgente fazer uma Pátria para ao mundo a dar.

 

Hoje amigo, deixa-me falar de uma pátria

Feita de um punhado de arraia- miúda

A erguer-se para dizer ao mundo inteiro

Que aqui não há lugar para nefandos andeiros

 Portugal não foi feito para vender

Portugal foi feito para ser; e a vida para o defender.

 

Hoje amigo, deixa-me falar de um império

Filho de uma pátria que queria ser maior que o mundo

Que teve um rei, pai de longínquos mares

Maiores de todo o olhar que fosse bem lá até ao fundo;

Neles rei algum mandava. Viu-se terra nunca sonhada

Que tanto a queria, o nosso El rei D. João Segundo.

 
Hoje amigo deixa-me falar de uma pátria

À procura dos berços onde o sol nasce

Seus feitos espalhados em canto imortal

Camões a mostrar ao mundo que o globo era Portugal;   

E Pessoa a dizer que a fé foi instinto da acção

De serem possíveis todos os caminhos impossíveis   

 

   Hoje amigo deixa-me falar de uma pátria

 Onde intrusos mostrengos ousaram entrar e porfiar.

Três vezes o francês entrou

Muitas mais o espanhol veio na noite de breu

Sonhando um povo conquistar

 De um país que não era o seu.         

 

Hoje amigo deixa-me falar de uma pátria

Que deuses malévolos um dia castigaram:

Que desgraça que vileza fazer gládio da natureza.

Para baixo a morte; para cima a vida, ordenou Pombal

E de novo se fez, fazendo –se,  Portugal.

Renascia o sonho de revelar o Santo Graal.

 

 Hoje amigo, deixa-me falar de uma pátria

Que desde enão caminhou pela bruma

No sonhos de um quinto império acreditado,

Desfeito no farfalho da maré, à praia atirado

 Tempo foi. Séculos correram

Nem primeiro nem segundo, tudo se foi à uma.

 
Hoje amigo, deixa-me falar de uma pátria

Onde entraram robots sem rosto, homens sem alma

A espezinhar o seu povo, a calcar as suas gentes

Uma troyka de mostrengos vinda lá dos confins do mundo

Para nos dizer que já nada é certo, senão saber o que se não quer:

Que tais mostrengos deitem a nau ao fundo.

 
Mas hoje amigo, já chega de te falar desta pátria

Amedrontada à beira mar posta a entristecer

Sem trabalho e sem pão. É tempo de dizer basta

 É tempo de dizer não. Fazer da voz uma canção

E da canção uma arma, Não para ser império de novo então.

Mas para se ser livre e dono da sua pátria.

                                                        [ Escravo, isso(!) não!

SF

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