domingo, setembro 22, 2013



Fim de tarde…

leve, ameno, suave e até aqui radioso, ao inicio do lusco fusco.

  Os que não creem e erram –tal e qual como eu –, reconhecendo que erram, porque  errar é humano, continuam a ganhar forças neste fim de dia, para amanhã ,humanos, recomeçarem a carregar, de novo, a sua cruz. Não creem nesta ordem natural de sobreposições de dia e noite, obedecendo a desígnios Divinos. Mas como eu, não deixarão de, espantados, reconhecer que por detrás da natureza visível, existe uma ordem ( um programa a correr…),num servidor imenso ( impensável de dimensionar ou definir em mega-giga-bites). E a partir daí todas as lucubrações são possíveis. Cada um sirva-se da explicação, mais próxima, mais á mão.

O sol vai caindo ali para as bandas do mar. Começa um cinza claro a inundar o horizonte. Traz a melancolia de fim da tarde.

O remanso das águas, soprado por ligeira brisa, encrespa-se de pequenas marolas cintilantes, que contrastam com a pureza virgem das margens deixadas pela maré. O azul –ou melhor – todos os azuis, desmaiam. Sinal para paragem das actividades  humanas sobre as águas. Os peixes têm direito a um pouco de sossego.

Há ainda um silêncio, em que o sol, morno, parece trazer lucidez às coisas em que pensamos.

Tudo em volta tende a perder a exactidão dos seus contornos: barcos, malhadais, casas da outra banda, pinhais, serranias.

Em outros  tempos eram horas dos «malhadinhas» partirem com os seus burricos pelas veredas serranas ,a levar a fresca sardinha, ajoujada nos costados dos rocinantes jericos, para que chegasse, ainda  de sangue na guelra, ao outro dia, lá para o interior das beiras.

Começam a surgir umas nuances sanguíneas. É o sol que ao chegar ao fim da caminhada se incendeia de um fogo vermelhão, que tinge tudo quanto está à sua volta.

 

As pálpebras parecem aceitar, e acomodarem-se ao tom morno do fim da tarde. A pedir repouso, no lusco-fusco do entardecer.

Hora dos crentes dedilharem umas Avé- Marias, agradecidas.

Hora de outros, que não foram bafejados pela peleja divina, agradecerem a si mesmo, o ainda estarem «vivos». Não no sentido de ainda respirarem, mas sim no sentido de ganharem forças para juntar mais carga emotiva à vida.Para que amanhã o dia seja diferente (melhor?) do que hoje.

Com a Troika e Cª cá, isso não será possível. Estes tipos vieram depenar frangos. E depois de nos depenar, põem-nos, na grelha, a tostar.
É bem certo: não se pode comer um bolo sem o perder....não se podem depenar os frangos sem lhes acabar com a raça...

Choca-me ao ver este Povo sem irritação. Ver um Povo infeliz, parecer ser feliz, é terrifico e desolador. Roubar um pão por ter fome, é mais do que moral, é legitimo.   


SF-SET 2013
SF  - SET 2013
 

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