sábado, outubro 12, 2013




 

O sol, afinal apareceu

 

Acordo desta sonolência em que ,de tarde, sozinho ,me deixei cair.

Lá fora uma existência serena, a que falta bulício e vida. A tarde foge e acaba imperceptivel. E eu vou-me com ela.

Olho o céu e não lhe vejo o azul claro; há um azul vago.Vago como é a minha vida, hoje. Começa a aparecer um rosado ,a anunciar o ocaso. E o meu ocaso? Será que também tem um rosa desvanecido, só para dizer: ainda cá mora….

Fixo a ria. Tingida de um uns tons inexplicavelmente submissos, perante a sonolência que nos envolve: a mim e a ela.

E encontro repentinamente o esclarecimento: o que existe em mim é tédio. E por isso vejo tudo empardecido. Nesta tarde em que me deixei vencer, percebo como o tédio logo deu para conviver comigo. O tédio sou eu mesmo. O mundo exterior está lá. Eu é que não consigo sair de dentro de mim.

Não me apetece fazer nada. Um torpor de existência sem sentido.
Não gosto, sinceramente, deste azulado indefinido.
Mas eis que repentinamente se abriu o pano de cena. E veio a diva: de vermelhão…

E atrevida, descalça um sapato (ele vermelho, também …) e pergunta:-Posso?
E logo as sensações decorativas da minha alma mudaram de tom. E acordei…
Sinto que ao acordar, estou a sentir uma grande esperança:  a   de viver o momento que passa.

Depois que o pano baixe. O sol, afinal apareceu. Bastante….
SF Out 2013
 

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