O sol, afinal
apareceu
Acordo desta sonolência em que
,de tarde, sozinho ,me deixei cair.
Lá fora uma existência serena, a
que falta bulício e vida. A tarde foge e acaba imperceptivel. E eu vou-me com
ela.
Olho o céu e não lhe vejo o azul
claro; há um azul vago.Vago como é a minha vida, hoje. Começa a aparecer um rosado
,a anunciar o ocaso. E o meu ocaso? Será que também tem um rosa desvanecido, só
para dizer: ainda cá mora….
Fixo a ria. Tingida de um uns
tons inexplicavelmente submissos, perante a sonolência que nos envolve: a mim e
a ela.
E encontro repentinamente o
esclarecimento: o que existe em mim é tédio. E por isso vejo tudo empardecido. Nesta
tarde em que me deixei vencer, percebo como o tédio logo deu para conviver
comigo. O tédio sou eu mesmo. O mundo exterior está lá. Eu é que não consigo
sair de dentro de mim.
Não me apetece fazer nada. Um
torpor de existência sem sentido.
Não gosto, sinceramente, deste
azulado indefinido.Mas eis que repentinamente se abriu o pano de cena. E veio a diva: de vermelhão…
E atrevida, descalça um sapato (ele
vermelho, também …) e pergunta:-Posso?
E logo as sensações decorativas
da minha alma mudaram de tom. E acordei…Sinto que ao acordar, estou a sentir uma grande esperança: a de viver o momento que passa.
Depois que o pano baixe. O sol, afinal
apareceu. Bastante….
SF Out 2013
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