À janela da vida
A vida vive-se, é certo,
vivendo-a. Só assim podemos perceber quem nos ama e quem nos finge amar.
Aqui chegados, experimentados até
limites pouco entendíveis, concluo que o grande mal esteve em mim.
Concluo que sempre que estive de acordo
com a vida, estive de mal comigo mesmo. Ao contrário, quando me senti procurar
a vida, de novo ,esta fugiu-me.
Nunca fiz nada para mostrar o que
não sou, ou não quero ser. Sempre que quero mostrar poder ser algo diferente, sei
quanto isso me custa.
E hoje quereria ter a capacidade
de me sorrir de toda a trapaça em que me vi, repentinamente, envolvido. Mas na
verdade continuo a sentir um mal estar por não perceber.
Recorro por isso a qualquer coisa que me faça não pensar na
crueza da insensibilidade mentirosa, que continua a ser a verdadeira chave do mistério. E enquanto não obtiver a resposta
cabal, lógica, entendível, durmo e desdurmo, sonho e acordo, recriando suposições. Histórias
confusas, que me fazem sentir vogar num
mar emporcalhado. Fisicamente a mentira, queira ou não, oprime-me. Há certas
horas que tudo parece parado à minha volta. O mundo e os seus acontecimentos
chocam-me, e pouco m ais. O mal que acontece ,parece-me agora indiferente, quando
dantes me sobressaltava.
Tento a todo custo recuperar a
inteireza da minha personalidade, neste estado de consciência de não ter sonhos.Nem sequer consciência deles.
SF-Out 2013
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