sábado, janeiro 25, 2014




A «ílhava» - Parte III

Tenho sido interrogado com alguma insistência, sobre se a «ílhava» ia por mar para Lisboa (?). Creio que a leitura de algumas referências trapalhonas, pouco assertivas (quase nunca!), cheias de confusão e  certa ignorância, têm permitido a  duvida.

É do conhecimento, registo, e até fotos, a construção na Laguna de «Varinos», «Barcos de Água Acima», «Fragatas» e «Enviadas»[1], na área Lagunar. As quais eram levadas para Lisboa, na chamada aventura de «varar o mar» de que há muitas (e excelentes!) referências. Eram embarcações de tonelagem já elevada, embarcações quase fechadas, de borda alta, de 40, 60, 80, até 120 ton. (leia-se tonéis)


                             
               Enviada (Gravura Ilustração Portuguesa -Diniz Gomes)

Era nestas embarcações que se aproveitava para carregar lenha, sal, peixe… e claro as bateiras abertas, embaratecendo o frete. Nestas e nas de cabotagem…e até nos lugres do bacalhau. Há até fotografias de um Varino carregado com duas bateiras no seu tombadilho.

 


                                                                Varino com duas bateiras

A ílhava era uma embarcação de baixo pontal (60 /70 cm). Frágil e completamente aberta.Sem qualquer reforço longitudinal. Os «ílhavos» eram gente irredutível que só tinham medo do santo cair do altar. Mas não eram loucos…

Por outro lado a capacidade real  (de segurança)  de carga da «ílhava» não ultrapassaria as 2,5 a 3 toneladas. Não confundir esta com a arqueação, coisa como sabem, os que da matéria mais do que a simples Wikipédia, é coisa bem diferente. Se nem lastradas quanto mais carregadas com 5 toneladas ????????

Por isso embora pudesse admitir que nas idas para o Douro, a viagem pudesse ser feita por mar, não há um único registo que prove a loucura de a levar até Lisboa.

Esta é a minha convicção…. A convicção de quem preparou a viagem de um «moliceiro» a Lisboa… mas concluiu pela loucura inconsciente de tal aventura (ainda que acompanhada, em viagem de conserva) .
A outra hipótese é boa para urdir lendas… tão só.
Bem, concluindo:

 Ílhavo começou a contar a sua história pelo princípio (que nada tem a ver com o seu (embora) bonito, mas delirante Brasão).

O MMI, os AMMI, todos os que viveram este projecto, estão, pois, de parabéns. Agradeço a oportunidade que me deram de comprovar que estava certo. O que nem sempre sucede a quem pede demasiado à vida e vê muitos projectos seus, mortos e enterrados na gaveta. Nas felicitações destaco o mestre Esteves que não me desiludiu (bem pelo contrario) a família Marco ( e desembaraço e paixão da mulher e filhos, por estas coisas, e o entusiasmo e qualidade de trabalho  fotográfico da Etelvina  Almeida. A AML foi boa companheira de jorna,e creio que para ela foi uma boa fonte de aprendizagem, com os constante s apontamentos e registos, feitos. Do Cap. Marques da Silva já falei acima. Simplesmente impecável. E por fim o entusiamo do Presidente dos AMMI que viveu a o «feito».   

Agora que todos se agarrem à matéria e corrijam, melhorem, ou refaçam, o que outros até aqui fizeram.
Levem-se por mim: há sempre a possibilidade de melhorar os nossos conhecimentos. Façam-no!
SF 




[1] A palavra «enviada» foi confundida generalizando-se a qualquer embarcação ida da Laguna. Mas «enviada» era no Tejo um tipo próprio de embarcação, barco redondo de quilha, e vela bastarda.


 
 

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