O PS Francês á beira da implosão...
Sigo com particular atenção a discussão politica instalada no
PS francês.Nem sempre as noticias aparecidas nos joprnais portugueses traduzem
fielmente ,o que se está a passar,cujo desfecho pode ser um sério aviso para a o
PS português, claramente a caminho de uma complexa encruzilhada
Sigo hora a hora esta questão , por um lado porque gosto de
ver equacionar ideias ,concorde ou não com as mesmas. Não suporto teias de
aranha. E aceito experiências, mesmo que as mesmas tenham riscos implícitos.
Colocado na «tormenta» de governar, Hollande , ao principio
um esperançoso Presidente, quedou-se, por uma mais que sombria decepção. Uma
incapacidade absoluta de afirmação, que me deixou perplexo.
Exemplo claro ,da real constatação que um Partido é uma «coisa» na
oposição, outra, quando chegado ao
governo.Mostrando, depressa demais, que por
incapacidade ideológica da mal estruturada massa humana da sua entourage, ou porque submetido
a outras forças que parecedesconhecer,ou avalia mal, repete ,absurdamente, os erros do anterior
governo. E a alternância –essa ! – é só
nos interesses ,mais ou menos insatisfeitos, dos seus boys..
Ora certo é que a França era ( e é!) talvez, o mais promissor
aliado dos países do sul da Europa, para fazer frente a uma Alemanha kaiserista
: no passado ,agora, e sempre.
Hollande depois de sucessivos falhanços recorreu, in extremis,
a Valls, nomeando-o seu primeiro
ministro. Sem duvida, pelo que tenho lido, um politico determinado, pragmático(ou descrente na
ideologia) que assume, contundentemente,
a dificuldade de governar à esquerda numa Europa dominada por esquizofrénica maleita do quanto pior ,melhor .Valls, socialista que
milita no PS francês desde os dezoito anos (um J…socialista), parece querer separar-se
do que considera ser ,o ferrete socialista, e veio, inopinadamente lançar uma enorme confusão no seio do Partido.
Por um lado apela à esquerda, exortando-a a constituir uma
«casa comum» para se poder exercer um governo de esquerda. E até aceita, que
para isso ,no futuro, o Partido Socialista mude de nome(sem explicar bem como
ficará ideologicamente…).Quer separar o Partido do anátema que a palavra socialista,
liga o Partido ás experiências bolcheviques totalitárias.
Mas foi o fim!...logo os fundadores vieram á liça, e até
rejeitaram as suas propostas
orçamentais…E questionam :ou Ele, ou nós….
Valls, a meu ver, veio
dizer algo que, no mínimo, urge discutir.
O que quer afinal a esquerda (?) ; e onde se situam alguns que, dizendo-se de esquerda, agem ,apenas e só
numa estratégia, pobremente individualista? E que agarrados a uma ideia perdida
no tempo, não conseguem posicio nar-se,num tempo que nada tem a ver um
passado(tenebroso).
Há nesta União Monetária Europeia uma quase impossibilidade
de se governar diferente. Tão grande são as limitações de ir mais além, na
ideia de uma maior ou menor intervenção do estado, na regulação (intervenção)
económica e social do País. Um País, (sozinho) não muda o estado das coisas. E
até se atingir um outro equilíbrio de forças (global), há que ser
pragmático O poder especulativo faz dos
governos marionetes, e dos governantes
uns moles e agradecidos, pedintes corruptos.
A reacção a Valls no
interior do seu Partido, foi pois, má. E
fora dele, um encolher de ombros de uma esquerda (que com o em Portugal) quer
ser, apenas e só, interveniente pela palavra (contestação),ainda que com tal
postura vá perdendo batalha a batalha, ingloriamente. E que por vezes (ou quase
sempre) não se exclui de se aliar, no voto,
à ultra direita liberal,
reacionária. Ora eu não compreendo porque num momento tão critico (o de mostrar
restos de força nacional à Alemanha no distender da austeridade) ,o PS não
debata a questão levantada por Valls, sem que com isso apareçam as espingardas.
E encontre um meio termo para nova estratégia de afirmação.
Valls vira-se agora ao centro.E este responde-lhe : não
obrigado…
Será capaz, Hollande, de resistir a uma dissolução da Assembleia?
(Este problema do PS
Francês,é um bom aviso para António Costa).
SF
1 comentário:
Em Portugal o PS tem uma dificuldade idêntica. Uma direita meramente liberal, sem valores. Figuras da social democracia, ou da democracia cristã, como são exemplos cimeiros: Miguel Veiga. Freitas do Amaral, ou, de forma mais consistente, Adriano Moreira, não deixaram sucessores. À esquerda o PCP perdeu-se no tempo e ficou-se no revivalismo stalinista. Ancorou-se nas autarquias e num sindicalismo desligado da vida das empresas e dos trabalhadores, enquanto o BE se esfrangalha e vê desaparecer as causas fraturantes que lhe deram vida. São meros partidos de contestação, que fogem da responsabilidade, como o diabo da cruz.
Este é um drama não só para o Partido Socialista, como para uma política de esquerda democrática e responsável.
João Bernardo
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