sexta-feira, outubro 24, 2014




O PS Francês á beira da implosão...



Sigo com particular atenção a discussão politica instalada no PS francês.Nem sempre as noticias aparecidas nos joprnais portugueses traduzem fielmente ,o que se está a passar,cujo desfecho pode ser um sério aviso para a o PS português, claramente a caminho de uma complexa encruzilhada

Sigo hora a hora esta questão , por um lado porque gosto de ver equacionar ideias ,concorde ou não com as mesmas. Não suporto teias de aranha. E aceito experiências, mesmo que as mesmas tenham riscos implícitos.
Colocado na «tormenta» de governar, Hollande , ao principio um esperançoso Presidente, quedou-se, por uma mais que sombria decepção. Uma incapacidade absoluta de afirmação, que me deixou perplexo.
Exemplo claro ,da real  constatação que um Partido é uma «coisa» na oposição, outra, quando  chegado ao governo.Mostrando, depressa demais, que  por incapacidade ideológica da mal estruturada  massa humana da sua entourage, ou porque submetido a outras forças que parecedesconhecer,ou avalia mal,  repete ,absurdamente, os erros do anterior governo. E a alternância –essa ! – é  só nos interesses ,mais ou menos insatisfeitos, dos seus boys..
Ora certo é que a França era ( e é!) talvez, o mais promissor aliado dos países do sul da Europa, para fazer frente a uma Alemanha  kaiserista : no passado ,agora, e sempre. 
Hollande depois de sucessivos falhanços recorreu, in extremis, a Valls, nomeando-o  seu primeiro ministro. Sem duvida, pelo que tenho lido, um politico  determinado, pragmático(ou descrente na ideologia)  que assume, contundentemente, a dificuldade de governar à esquerda numa Europa   dominada por esquizofrénica maleita  do quanto pior ,melhor .Valls, socialista que milita no PS francês desde os dezoito anos (um J…socialista), parece querer separar-se do que considera ser ,o ferrete socialista, e  veio, inopinadamente  lançar uma enorme confusão no seio do Partido.
Por um lado apela à esquerda, exortando-a a constituir uma «casa comum» para se poder exercer um governo de esquerda. E até aceita, que para isso ,no futuro, o Partido Socialista mude de nome(sem explicar bem como ficará ideologicamente…).Quer separar o Partido do anátema que a palavra  socialista, liga o Partido ás experiências bolcheviques totalitárias.
Mas foi o fim!...logo os fundadores vieram á liça, e até rejeitaram as suas propostas  orçamentais…E questionam :ou Ele, ou nós….
Valls, a meu ver,  veio dizer  algo que, no mínimo, urge discutir. O que quer afinal a esquerda (?) ; e onde se situam alguns que,  dizendo-se de esquerda, agem ,apenas e só numa estratégia, pobremente individualista? E que agarrados a uma ideia perdida no tempo, não conseguem posicio nar-se,num tempo que nada tem a ver um passado(tenebroso).
 Há nesta União  Monetária Europeia uma quase impossibilidade de se governar diferente. Tão grande são as limitações de ir mais além, na ideia de uma maior ou menor intervenção do estado, na regulação (intervenção) económica e social do País. Um País, (sozinho) não muda o estado das coisas. E até se atingir um outro equilíbrio de forças (global), há que ser pragmático  O poder especulativo faz dos governos marionetes, e dos governantes  uns moles e agradecidos, pedintes corruptos.
A reacção  a Valls no interior do seu Partido, foi pois, má.  E fora dele, um encolher de ombros de uma esquerda (que com o em Portugal) quer ser, apenas e só, interveniente pela palavra (contestação),ainda que com tal postura vá perdendo batalha a batalha, ingloriamente. E que por vezes (ou quase sempre) não se exclui de se aliar, no voto,  à  ultra direita liberal, reacionária. Ora eu não compreendo porque num momento tão critico (o de mostrar restos de força nacional à Alemanha no distender da austeridade) ,o PS não debata a questão levantada por Valls, sem que com isso apareçam as espingardas. E encontre um meio termo para nova estratégia de afirmação.
Valls vira-se agora ao centro.E este responde-lhe : não obrigado…
Será capaz, Hollande, de resistir a uma dissolução da Assembleia?
(Este problema do PS Francês,é um bom aviso para António Costa).


SF

1 comentário:

João disse...

Em Portugal o PS tem uma dificuldade idêntica. Uma direita meramente liberal, sem valores. Figuras da social democracia, ou da democracia cristã, como são exemplos cimeiros: Miguel Veiga. Freitas do Amaral, ou, de forma mais consistente, Adriano Moreira, não deixaram sucessores. À esquerda o PCP perdeu-se no tempo e ficou-se no revivalismo stalinista. Ancorou-se nas autarquias e num sindicalismo desligado da vida das empresas e dos trabalhadores, enquanto o BE se esfrangalha e vê desaparecer as causas fraturantes que lhe deram vida. São meros partidos de contestação, que fogem da responsabilidade, como o diabo da cruz.
Este é um drama não só para o Partido Socialista, como para uma política de esquerda democrática e responsável.
João Bernardo

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