Visitas, acesso a gabinetes ministeriais, almoços, etc etc.
Esta fugas informativas que vão sendo cirurgicamente entregues à Comunicação Social(visitas de empresários a gabinetes, telefonemas, acessibilidade ,almoços etc. etc) fazem -me lembrar um caso em que fui protagonista.
Quando se passou a desenhar o inevitável desaparecimento da indústria das chamadas “empresas de veículos motorizados”, o então Secretário de Estado CC(que tinha sido meu colega de curso, no Marinha de Guerra) telefonou-me, pedindo-me uma reunião. Pretendia (e bem) fazer um estudo abrangente que cobrisse todo o sector, distribuindo fabricos, fundindo empresas, criando novas oportunidades, no sentido de evitar o desaparecimento do mesmo. Caso eu aceitasse ,seria acompanhado no mesmo, por um economista de renome ,o Dr. António de Sousa ,mais tarde Governador do Banco de Portugal.
Aceite o encargo (dado que me foi assegurado haver opinião unânime de aceitação dos nossos nomes, por parte dos industriais), o trabalho obrigou a várias reuniões com o Secretário de Estado e equipa do Ministério da Indústria, em Lisboa. Por isso, visitei várias vezes o Gabinete Ministerial, almoçava nesses dias com o Senhor Secretário, por amizade, embora inevitavelmente, no almoço particular, o estudo viesse à colação (paguei sempre o almoço).Telefonava regularmente, quer ao Sr Secretário ou a Adjunto, a dar conta do andamento (ou de dificuldades surgidas) do estudo (muito complexo pela abrangência e metodologia ). Num dia em que C.C. veio em serviço, ao Porto, fui, a pedido do Sr João Casal, reunir com o Sr Secretário para tentar desbloquear um problema surgido na Metalurgia Casal. Claro: o Sr. Casal pagou o almoço. Naturalmente.
Estudo concluído, o mesmo foi entregue, seguindo o percurso dentro do Ministério. O Dr. António Sousa foi nomeado Governador do Banco de Portugal. Decisão muito acertada.
Quando me foi falado em pagamento, a resposta foi, de imediato:
– nada há a pagar. Fi-lo por amizade e consideração de todos os industriais do sector que bem conheço ,e sempre me respeitaram. E que, unanimemente, deram o acordo ao meu nome para o estudo. Isso me basta....
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Perante as notícias que vão sobrando, tudo o que ouço (ou quase tudo) me cheira a delírios carregados de intenção vingadora, justiceira, e acima de tudo totalmente desconhecedores das relações entre empresários e governantes. Sim; haverá casos de polícia. Mas aí saltem provas e não a poeira delirante, levantada por processos ínvios escondidos, tortuosos, onde, quem sabe(?) haverá tentativa da dita “corrupção”. Diferente. Outro tipo de corrupção: moral e ética da boa fé dos ouvintes,
Senos da Fonseca
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