sábado, março 16, 2024


 




          Os nós da vida...... 

INQUIETUDE...


A VIDA COMO ELA É ... 

Neste cantinho recomendado que, a natureza prodigalizou, e que a exsudação (sofrida) do homem foi capaz de retocar, sinto-me, apesar de tudo, contente comigo mesmo. 
É isso. Não tenho feitio nem género, nem jeito, de poeta silingórnio, à espera que aceitem as minhas queixas. Sonhando - e só - com o belo, porque incapaz de o viver, ou até de o tentar construir, cá vou indo. 
Não simbolicamente nas palavras para os outros, mas, de facto, para meu gozo pessoal. Egoísta ?!...- talvez, se assim o quiserem. 
Não saber - até ao fim ! - se sou o que pareço, ou, tão só- e mais importante - se sou de facto o que queria ter sido. Nada de complexo, nem em «complexos» estados de alma. Sou claramente - e só (!) - um inquieto. 
E mais nada. 
Não culpo a vida por não ter sido a que queria que fosse. Porque a vida não tem culpa de eu não ter sido capaz de ser diferente ; e porque, ser pouco ou muito, não é importante. Importante é ser verdadeiro : - comigo e com os outros. 
Se eu tivesse a possibilidade de tirar um bilhete para qualquer parte, para aí ser diferente do que sou aqui, queria mesmo era «vir» para aqui,e ser o que sou. E não para outro lado. 
O que posso dizer é que a minha «estória» está cheia de vida que quis ser vivida desta maneira. Sem concessões, mas sem demasiadas queixas. 
Sempre que fui atingido não me preocupei demasiado em me interpretar. Bastou-me saber que outros - muitos outros, milhões (!), uma imensidade - são, dia a dia, hora a hora, muito mais profunda e ingratamente atingidos. O que foi (sempre) suficiente para me estimular a sobreviver, e a não me queixar. Que gozo dariam «aos outros», os meus queixumes?... 
Não subsisti nulo ; de modo nenhum. Dessa postura me pretendo liberto. 
Eliminei a fé para dar espaço à razão ; tarefa que não sendo fácil, nem cómoda, é contudo mais verdadeira. 
Não tenho sonhos fantasmagóricos, porque (con)vivo bem com os meus fantasmas. Que não são complexos. Porventura «reais», demasiadamente reais para me meterem (muito) medo. 
Tudo o que sei, aprendi-o. Não o herdei por programação externa, vinda de onde viesse, ou porque via arribasse. 
Sou por isso, impulsivo, violento às vezes, mas só com a barbárie dos profetas. 
Doce (?), poucas, é certo. Nobre sempre, vil nunca. Amigo fácil. Inimigo difícil. 
Tudo me interessa ; mas nem de tudo fico escravo. Ou de quase nada. 
Salvo da amizade. 
(Senos da Fonseca) 


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