sábado, julho 18, 2009


Lá vem a nau catrineta que tem muito que contar…


Uma das claras, e hoje já indisfarçáveis causas do défice democrático reside precisamente no Poder Local. No seu caciquismo, na sua atitude de confronto, na falta de preparação (e educação) dos seus actores. Uns oligarcas de pacotilha que se eternizam, seja quais forem as cambalhotas que para tal sejam obrigados a dar.
Apenas perseguindo o fácil trilho de edificação de obras faraónicos - com que julgam se eternizar na história -, estas são levadas a cabo sem controlo de qualquer espécie. É por isso banal as mesmas terminarem com custos muito mais elevados que o previsto ,sem que sejam assacadas responsabilidades dos buracos, a quem quer que seja. Até hoje o regabofe e impunidade andaram de mãos dadas. Mas há sinais que está a chegar o tempo de rever as contas.
São raros os casos em que as autarquias intervieram em áreas diferentes, do obreirismo tonto.
As obras têm de ser um fim, mas nunca um meio de justificar poder. Parece que todos os autarcas tiraram o curso de «patos bravos» tal é a afinidade entre uns e outros. E por isso as mistelas pululam por aí.
As políticas culturais esgotam-se na compra de enlatados que vão adquirindo a preço de saldo (todos compram o mesmo). Porque zelar pela cultura local, promover as Associações, fixar verdadeiros contratos programa, incentivando aquelas a criarem e ou recuperarem as tradições, isso não fazem. Porque não sabem. Pagam e pronto. Lavam as mãos e discursam enaltecendo-se, já que ninguém em boa verdade o faz.
Pouco, ou quase sempre nada! Preocupados com o problema social das suas gentes, ficam por fazer de conta que participam em redes sociais, que estão longe de qualquer eficácia. A pobreza cresce; mas os oligarcas agarram-se a estatísticas cozinhadas, marteladas, para justificar quase sempre a ausência de problemas sociais nas suas áreas geográficas, justificando, assim, nada ser preciso. E até agredindo quem o tenta fazer. Como se a culpa da pobreza seja apenas consequência do poder central (ainda que o seja em grande parte, convenhamos). Mas pode-se (e deve-se.) atenuar, localmente, esse problema.
As parcerias criadas visam apenas o faz de conta com encenações de dias, ou semanas, com acções a fazer de conta. Levantada a barraca, tudo ficará na mesma. Até para o ano. Importa é vender a imagem do que parece, e não do que é. A inacção comandará os destinos até á próxima encenação.
Tudo isto nos ocorreu a propósito das Comemorações do dia de elevação a cidade (envergonhada e decrépita) da outrora aberta, risonho e cosmopolita, vila de Ílhavo. Uma vila airosa, fervente de vida, rica de contactos sociais, liberta de casos de pobreza generalizada, interessante no carácter das suas gentes acolhedoras, cativante para os muitos que em continuados fins-de-semana vinham disputar ao rapazio local os corações das belas «ílhavas», com fama (e proveito) comprovados de serem ternos, acolhedores. Normalmente um porto seguro.

Ora numas comemorações inventadas, o Senhor Presidente fez um discurso onde apregoou as obras futuras que irá (como advinha o obreiro (?!) as intenções de voto) levar a cabo. Fez uma salada misturando investimento camarário, apoiado pelo Estado – caso do Tribunal e escolas - com investimento privado que assumiu ser seu, da sua Câmara. É o caso da Misericórdia, que diz ser o maior investimento da Câmara e irá custar quatro milhões (nós pensávamos que era a Misericórdia que assumia o investimento). E até promete recuperar a «casa do Illiabum» (nós supúnhamos que o Illiabum ainda não chegara aí, continuando a ser dono de si mesmo). E até dos Bombeiros. Oh! há quantos anos vimos ouvindo esta promessa. Quantos quartéis já seriam feito, se não andasse toda a gente fiada em promessas, à espera da banana cair da árvore das patacas?
Enfim uma trapalhada. Daquelas que são a imagem de marca dum incorrigível prometedor de promessas, nunca cumpridas.
Pois bem: tudo indica, pois, que se não houver freio ao despesismo autárquico, o valor da divida actual da «sua» Câmara -40.000.000 euros! - Chegará aos cem milhões no final do próximo mandato do «mestre-de-obras municipal». O que nos vale é que é o ultimo mandato. Senão nem interruptor havia para apagar, nem porta para fechar.
Porque quanto ao resto: -disse nada.
Fantásticas estas gentes de Ílhavo. Totalmente indiferentes ao seu destino. Parece que apenas importadas em que o céu lhes não caia em cima. Porque a desgraça, com essa convivem há muito.
E agora o adversário (já anunciado) o que fará? Pois…. que ,certamente aumentará a parada. Prometer não custa…

E assim vamos na Terra da Lâmpada

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