quinta-feira, dezembro 31, 2009

Adopção

Nesta noite queria adoptar uma estrela
Para com ela m’ envolver
Em sonho louco
Que de tudo tivesse um pouco.
Fossemos só nós dois, apenas,
Aqui ou noutro lugar, não sei onde, nem como,
Queria uma noite de vida sem amanhecer
Transformada em amor para a todos dar,
Solidariedade bastante para a todos chegar.
Queria usar o seu brilho como condão
Para iluminar os campos das guerras
-De todas as guerras -
Volvendo-os trigais ululantes de espigas prenhes
Para transformar ( armas), em pão.
Fazê-la «rosa de marear»,
Não para procurar outros mundos
Com novas pobrezas para explorar,
Mas caminhos de papoilas marginados
Onde não mais corresse o sangue dos fracos,
Substituído pela água fresca das levadas
Para lavar as feridas dos oprimidos
Em gesto de humilde misericórdia.
Novos «Orientes» imaginados
Em descoberta do «Homem Novo», livre.
Irmão de irmãos sorrindo ao vento
Em tempo intemporal, nunca acabado
Rostos enxutos de lágrimas
Postas a forrar o mundo
De Paz, Fraternidade e Concórdia.

S.F. ( 31 Dezembro 2009)

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