domingo, dezembro 13, 2009

Morre comigo de mansinho

Já se somem as pegadas que ficaram para trás
Semeadas nas tortuosas veredas que percorri,
Na convicção de que era caminhada obrigatória.
E o que dela retenho na memória?
A sensação de uma fogueira apagada.
Dias de sol de mudez descarnada
Faróis de lonjuras que se fundiram
Perdidos todos os orientes e ocidentes
Da nossa imaginação desalinhada.
De tudo isso ficou apenas a certeza
De uma paz interior reforçada,
No endemoniado caminho
Do relógio que não pára a olhar para trás,
Para a vida que agora teima em ser lenta
Quando a morte acena, já, cheia de pressa.
Hoje apetece-me a paz total,
Tão cansado estou de a percorrer,
Que me deixo soçobrar no areal
A ver a ria morrer comigo, de mansinho.

SF 13 Dez 2009

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