Pode um velho ter direito à indignação…ou tão só à resignação?
A onda ,o tsunami que aí vem – as imagens esclarecem como se forma a tempestade perfeita –, é um movimento de jovens indignados. Por isso não se diluirá. Crescerá até se tornar desbastador.
No meu tempo a indignação tinha um inimigo absoluto, único: - Salazar ,e o estado fascista.
Pelo menos tinha sentido.Era pacifico e não enganava ninguém : uns dum lado, outros do outro.
Ora a indignação ora iniciada, não é contra o sistema – ninguém quer perder a democracia – mas tão só contra os que o servem (mal).O guião serve;quem não serve são os actores.
E não se apressem uns «patriotas» a embarcar, algures, na próxima estação, porque a hora é de desembarcar e não de embarcar. É hora de acabar com esta farsa em que temos vivido (nós e os outros lá por fora), a de uma pseudo democracia. Esta é a palavra de ordem do movimento espontâneo: -acabar com a « farsa da democracia» em nos deixámos emalhar. Que é apenas uma caricaturara do que deveria e poderia ter sido.E por esse equivoco, todos nós, os das gerações anteriores, somos responsáveis. . Fomos traídos ? Talvez….mas isso não nos desculpa.
Mas deixem-se de sonhos: nós já não temos lugar no comboio. Resta-nos aconselhar esta geração que se não deixe enganar, como nós fomos enganados.Isso não será de menor importância.
A democracia, é hoje evidente, não se alcança com os partidos, mas por uma representatividade muito mais sã e próxima. De compromisso, responsável, e com rosto.
Talvez seja verdade que nem todo o tempo foi de pura perda. Talvez estejamos a ser alinha avançada, a «carne para canhão», numa batalha que perdemos, de uma guerra em que os vindouros vencerão.Outros o fizeram ,também,por nós.
A conclusão a que já se não pode fugir,é só uma: se isto é democracia…não serve. Reinvente-se,pois, uma «nova»,uma outra democracia.Com pessoas (o individuo nunca se sentirá pessoa antes de se sentir e assumir,cidadão) e não com marionetas manipuladas por detrás da cortina.
E como vai acontecer ? …pois: - com uma outra revolução. Não se duvide. Pacifica ao princípio…violenta se não for às boas.
Ela está aí, em marcha. Só uns desatentos poderão pensar que isto não vai dar uma cambalhota de todo.
Em 25 Abril de 2010,na costumada versalhada evocativa, eu prenunciava:
(....)
Num outro Abril qualquer
A gente ainda saberá o que quer
Ainda saberemos dizer não …
(...)
Por isso não me resigno. E se eu já não posso (não tenho o direito de) sonhar,pelo menos torço para que esta cambada não tenha mais uma hora de sono …
Mais uma vez acredito; perdi muitos sonhos.Mas sempre na esperança de que ainda iria adormecer embalado pelas trombetas que anunciam um novo caminho para chegar ao ideal da esperança. Utópico? Talvez…que se lixe…
Este é o primeiro dia do resto...deixem -me que para ele olhe com um olhar de inocência cristalina.
SF (15 Out 2011)
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