quinta-feira, setembro 19, 2019








Conselheiro Queiroz,um notável ilhavense (sabia?)






Julgo um pouco ultrapassada, por vezes feroz questiúncula, sobre a naturalidade das figuras relevantes. Uns puxando a brasa à sua sardinha, se a mesma terá visto a luz na santa terrinha. Logo outros clamando-a, evocando que, a pertença, deverá ser vista à luz da escolha que o dito figurante tenha feito por decisão própria, optando pela comunidade  onde viveu(e exerceu) a vida.
Ílhavo tem muitos e delicados casos deste tipo: refiro por exemplo Alexandre da Conceição, Mário Sacramento, Euclides Vaz (etc) e, refiro agora(o que para muitos será novidade) o caso do avô de Eça de Queiroz ,o conselheiro José Joaquim de Queiroz,um dos mais notáveis lutadores na revolução liberal que eclodiu em Aveiro  em 16 de Maio de 1828.Revolução que pretendia opor-se á politica anti constitucional miguelista.
No seguimento desta tentativa revolucionário, liberal, Joaquim Queiróz, foi preso. ,conseguindo fugir. Depois de alcançada a Galiza, refugiou-se em Plymouth. Julgado en absentia foi condenado a atravessar as ruas do Porto de baraço ao pescoço, para depois subir ao cadafalso, e aí ser degolado.
Após a restauração do regime absolutista virá a desempenha altos cargos na nação : Juiz desembargador do Tribunal de Relação do Porto( e da Baía ),mais tarde Ministro e Secretário de Estado dos Negócios Estranjeiros, e deputado.

Vamos então à questiúncula levantada em meados de novecentos, quando o ilhavense Prof António  Maria Lopes, levantou no jornais da época, a tese de que, “quando se afirma ter sido o Conselheiro Queiroz um aveirense notável” se deveria referir,” outrossim  ter sido o Conselheiro Queiroz um notável  ilhavense”, que  Ílhavo deveria ter homenageado e louvado, como um dos seus filhos maiores.
O caso levantou forte celeuma com os “amigos cagaréus” de então..
Certo é que o Prof. António Lopes teria razão....

Vejamos: Joaquim José de Queiroz, foi filho de D Joana Leonor de Almeida e Sousa e de José Marcelino Próspero de Queiroz, tendo nascido a 8 de Janeiro de 1774,em Eixo –Quintans. Este facto foi confirmado pelo próprio   na exposição enviada, em 1805, a sua Majestade :  nela ”Diz  Joaquim José de Queiroz ,Bacharel formado na Faculdade de Leis, nascido no lugar das Quintans ,termo de ílhavo......etc).
Ora Quintans só foi anexada a Aveiro, em 1853 logo muito depois do nascimento de Queiroz. Quintans pertencia à jurisdição de Ílhavo. Logo:– é correcto dizer-se que  Queiroz nasceu em Ílhavo.
Mas se duvidas houvesse (no local escolhido para viver)....
Em 1796 o Conselheiro Queiroz foi alvo de devassa e preso. Vivia então em Verdemilho. E para onde foi levado? Para que prisão?
Pois precisamente para Ílhavo(não para Aveiro), pois Verdemilho naquela data, ainda pertencia a Ílhavo.
Assim, o Conselheiro Queiroz, nasceu e viveu em Ílhavo ,e o correcto será dizer-se ter sido um dos mais notáveis ilhavense. Só que a verdade, sabemo-lo bem hoje, Ílhavo nunca tratou de acarinhar e chamar a si os seus mais notáveis. Por isso se diz amiúde: “Ílhavo boa madrasta, mas má mãe”. Os exemplos pululam por aí, e ainda bem recentes.

Não creio hoje que este problema seja importante ou tenha significado. Os tempos mudaram. No meu tempo de rapaz a “luta” ilhavenses-cagaréus(ainda) era terrível,  frontal e feroz.. Hoje até exportamos um ilhavense-gafanhão para Presidente de Aveiro. A “globalização” assim o exige.
SF

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