quarta-feira, março 08, 2023




 Insónia reveladora


Esta noite, por mais voltas que desse, não havia meio, nem modo, de adormecer. Inquietado por uma consulta às obras da abertura da Barra, em 1808,onde deparei com toda uma série de pormenores que fizeram nascer em mim dúvidas que, nunca me tinham surgido, aquando  da feitura do “Costa Nova 200 Anos de História e Tradição”. Deixemos as mesmas para outra altura....

Noite dentro, seriam umas três da manhã, levantei-me. Teria de esclarecer e não valia pena estar a fazer de conta...

Quando procurava uns mapas para tentar responder à minha duvida, eis que me saltaram à mão , cinco  opúsculos de que há muito não sabia o seu paradeiro : se em Ílhavo ,se por aqui. Eram eles quatro trabalhos excelentes, de Gago Coutinho (que me teriam sido de uma utilidade flagrante de consulta, aqui há meses), e  um pequeno (mas muito interessante, porque raro) opúsculo, contendo a alocução de António Lebre, em Verdemilho , na Homenagem a Eça de Queiroz (27 Novembro de 1949).

Ora é desse que, não sei se muitos conhecem,  transcrevo as seguintes passagens:

“ A visita á quinta da Medela (...) permitia colher uma visão de conjunto de  tão cubiçada quinta(...) O elegantíssimo portal da Quinta ,sobrepojado pela pedra de armas ,que lá se conserva, teria detido a curiosidade artística do grupo.Da varanda poente do Solar ,nunca acabado, teriam apreciado devidamente e por longos momentos,  a surpreendente vistas das marinhas e seus montes de sal e o panorama da ria, que deixa advinhar ,num tão longínquo poente o mar imenso...A original escada interior  de pedra ,do interior do edifíci, ter-lhes-ia detido também a sua curiosidade artística, que teriam subido suavemente  defendidos por bem lançado corrimão de pedra.”

Depois de nos referir ter o Palacete sido adquirido ,em 1906, por José Capela, A.Lebre 

Mais á frente Lebre reproduz escritos de Eça,das habituais vindas à Costa-Nova,á amizade com o Conselheiro Magalhães e do apreço tido pela Costa-Nova:

“estou certo ,porém (referindo a Bretanha para onde  iria passar férias),não será mais desconfortável que a Costa Nova,e eu considero esse um dos mais deliciosos pontos do globo. É verdade que estávamos lá em grande alegria, no excelente Chalet Magalhães.”

Mais á frente, Lebre continua referindo Eça:

“Filho de Aveiro, educado na Costa Nova, quase peixe da ria,eu não preciso que mandem ao meu encontro caleches e barcaças. Eu sei ir pelo meu próprio pé ao velho e conhecido palheiro de José Estevão”.

Numa curiosa procuração passada a seu Pai,Joaquim Mendes de Queiroz,Eça constitui o mesmo seu procurador, para que possa vender uma marinha de Sal do Ilhote,recebida em herança de sua avó D.Maria Joaquina de Queiroz.


Presentes no solar da Quinta da de  Nossa Senhora das Dores (de António Lebre), entre outros, a filha do escritor ,D. Maria de Eça de Queiroz de Castro, e seu  irmão, António Eça de Queiroz (este também escritor).

Senos da Fonseca

Ps-  

1- Curioso: a referência inserida nos azulejos hoje existentes no Palheiro de Magalhães não coincide com o acima referido. Eça refere “Chalet Magalhães”,os azulejos inscrevem “Palheiro José Estevão. No livro “ Costa Nova ”expliquei a “pequena” e inócua diferença. Certo é que o escritor noutra evocação, trata o dito “”Chalet" por “Palheiro de José   Estevão”.



        2-Quando Eça afirma “Filho de Aveiro, educado na Costa Nova, quase peixe da ria,eu não preciso que mandem ao meu encontro caleches e barcaças”,parece significar que,em miúdo,quando viveu com o Avô em Verdemilho , este teria (como já li) um palheiro na Costa-Nova. Ou viria para um alugado.



Sem comentários:

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...