terça-feira, julho 29, 2008

EMPRESTAR A RIA (?!) ,OU VENDÊ-LA.
Eis a questão.

Ontem, numa interessante Tertúlia – pelo que ela teve de confronto de posições – falou-se de coisas que poderão comprometer ou descompremeter o futuro da Ria de Aveiro.Na mesa – melhor do lado de lá – estiveram os que alcandorados a postos desenvolvimentistas, tinham -ou têm – por missão, no cumprimento das suas tarefas, o pugnar pelo futuro dentro do modelo estritamente económico, a que se ligaram. Eu compreendo-os …Presentes o Presidente da A.P.A e o Presidente da, ainda, Rota da Luz. E ainda, a questionadora, a Profª D Fátima Alves, que não deixou de colocar pertinentes questões, especialmente à catadupa de planos com que se vem brindando a Ria, baralhando-se uns aos outros, entrechocando-se, rapidamente caindo em saco roto, por inócuos.
Espera-se para breve a definição exacta do Órgão que virá gerir a Ria. Que terá de ser totalmente independente dos interesses que se movimentam em seu torno. Entregar esse órgão à disputa Autárquica, é passar um certificado de óbito à Laguna. Conciliar as pretensões válidas daquelas, as da A.P.A, as da pesca Artesanal, no sentido da utilização da Ria como área privilegiada de gozo da Natureza protegida, a manter a todo o custo, será a função exigível ao referido Órgão, que deverá gozar de autonomia, ser desburocratizado, mas acima de tudo responsável. E se fosse possível – deve sê-lo! – despartidarizado.


Ficou ontem claro que a sociedade civil exige a defesa intransigente da Ria, mantendo e preservando e melhorando, todas as suas virtualidades: - que são imensas. E mostrou ali na amostra, que repudia planos irresponsáveis e ofensivos à estabilidade e integridade lagunar. Vistam a roupagem que vestirem. Mesmo aos que mascarados de cordeiros, à primeira distracção mostram a dentuça do lobo mau. (Para que serão tais dentes ?!).

O P.I.B.A (Projecto Imobiliário da Barra), mascarado com uma Marina, é claramente o produto de mentes subordinadas aos interesses de grupos económicos, o (reles) resquício do 25 de Abril que tarda a ser extinto. Mas será, não tenhamos duvida. Aquele insulto, hoje, mercê da informação saída do esforço de contestação de há quatro anos, tem a absoluta oposição dos que se preocupam com o futuro da Ria .Valeu a pena ! Curiosamente o Presidenta da APA, no seu direito de contraditório, foi o único ponto da charla em que optou por nem sequer pretender, nele, falar. O que quererá dizer este silêncio?.
Seria interessante saber-se…É preciso estar atento. O polvo ainda mexe.

O Dr. Pedro Silva tem o discurso na ponta da língua. Só que o mesmo não resiste ao primeiro embate do contraditório.
Turismo de massa , captação de operadores, «venda» da marca ,etc. etc. ,é saber advindo das teorias de marketing turístico ,lido em qualquer revista. Mas não é, certamente, o modelo para «emprestar» -não o «vender» –, a Ria de Aveiro. O Dr. Pedro se mais actualizado pelo que vai no mundo turístico, se estivesse atento, saberia que a sua grande preocupação deveria ser a de planificar a «CULTURA DA RIA DE AVEIRO». Hoje o turismo começa a transmutar-se para este tipo de nova paixão, que a Internet ajuda a promover. Ora a «Cultura da Ria de Aveiro» – muito para lá dos passeiozinhos ridículos do vou ali e já venho – é de uma riqueza inigualável: a cultura lagunar, das suas gentes, dos seus costumes, das suas tradições, das suas artes, da sua natureza, limpa e límpida. Emprestemo-la para usufruto de alguns, mas guardemo-la, como jóia, com uma relíquia que é, e queremos que seja: -NOSSA.

Quanto á Professora Fátima Alves, eu percebi a sua desilusão com tanto plano. Mas os académicos são, em parte, os culpados. Custa a entender que dificilmente se encontrem, em Portugal, dois sábios com posição idêntica sobre o mesmo assunto. Então poderemos dizer: se um é sábio o outro não o é, de certeza. Verdade Lapalisseana.

Sabe Profª(?) os sábios anda muito promíscuos, eles também mais interessados em vender o seu saber, assoldando-o, do que usá-lo para o bem comum. E a verdade é que os sábios custam muito dinheiro à comunidade. Devem-lhe por isso, respeitoOlhe Prof.ª !.

Pessoalmente não gosto nada da promiscuidade entre a Universidade de Aveiro e a APA.

Acabo: -a Ria de Aveiro foi a circunstância das gentes que somos; que sejamos agora nós a circunstância que lhe proporcionará o remoçar...
Só isso....remoçar...

Valeu a pena, a Tertúlia de ontem. E de continuar. Já o vinha dizendo há um bom par de anos. Talvez repensada, para o período que se avizinha.

Senos da Fonseca

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