Foto: Lénia Santos
Ou de um amarelo torrado, mais a condizer com a acalmia daquela.
Foto Lénia Santos
Gosto, assim, de encher a vista naqueles lugarejos perdidos na planície. Estimula-me ver aquelas gentes remansosas, no fim de tarde escaldante, acocoradas num banquito de pau de sobro, reunidas à porta no vagar da sombra, quase não dando pelo passar do intruso, como que abstraídas dele, e também ,do correr do tempo. O tempo no Alentejo parece correr mais devagar, e por isso, nesse sentido invejo-os.
Deixando estes povoados, só a atitude pachorrenta de uns refocilantes recolhidos na sombra de um qualquer chaparro me estimula.E um ou outro casario isolado de paredes de feitura tosca, virginais no seu branco de cal encimadas pelo telhado
Sempre tive a noção de o Alentejo ser um motivo excepcional para um fotografo amante da imagem desnudada de subtileza, mas forte no contraste do preto e branco. Imagem que pode nesta paisagem um pouco entristecida, adquirir uma força estética soberba. Poderosa nos contrastes focados de um sobro frondoso a emergir de
um deserto onde parece não existir vida; ou de uma silhueta humana, estática, sobraçando uma vara que lhe serve de amparo, olhar perdido nas lonjuras de uma superfície enrugada pelos sulcos tatuados na superfície da terra seca.
Mas desta vez encontrei belíssimos exemplares de imagens coloridas.,não menos fortes, de uma beleza que enchem o olho.
A mistura cromática (trabalhada ou não?) destes momentos proporciona cambiantes que nos estimulam os sentidos, reclamando a sua apreciação.
Reproduzo aqui algumas que mais me impressionaram.
Seja contudo qual for a côr com que pintemos o lenço, ele é sempre fabuloso na harmonia que ressalta do fluir do tempo, da constância das formas, da luminosidade, ora estonteante do meio dia, ora repousante no desvanecer da tarde, quase a lutar para se deixar ficar e sobreviver.
Sinto que nos momentos que lá passo fujo de mim e das minhas angustias. E também me invade o devaneio de querer voltar a sentir.A ser eu de novo.
Começo a parecer um estranho. Não sou feito para os céus .Sei apenas o que havia que fazer. E fi-lo. Os que estiveram atrás de mim empurraram-me. O que é que eu poderia fazer? Negar-me?!
É chegada a hora de voltar.Fugir da paz; virar as costas ao silêncio.
E volto então para me defrontar, de novo, com o vozear do mar a desafiar-me .De novo! Sempre ele(!) a lembrar-me que há que cumprir o destino. Ah! cão!,porque te me lembras que um homem não pode ser homem sem provar do teu salgado gosto?Porque «a» deténs enlaçada nos teus braços e m'a não deixas levar, comigo,para onde eu fôr? Porque me prendes, orfão de espanto, a ouvir o teu vozear quando bates,inclemente,com a onda no areal?
Se apartado de ti eu findasse com as minhas angústias a viver ao desbarato as minhas ilusões,ia para longe afogar a sede de te amar,oh!... mar.
Aladino
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