O «Príncipe» arrasou…
Vivó «Príncipe»
Certamente a preparar-me para a hecatombe que racionalmente (já)esperava no acto eleitoral, aqui, em Ílhavo, entretive-me nos últimos dias da semana que passou, a reler Maquiavel. Ao fazê-lo perceberemos, claramente, muita da realidade que enforma o Poder Autarquico,onde se praticam,com rara oportunidade e actualidade, muitos dos ensinamentos que o apóstolo do poder como fim sem olhar a qualquer meio para o alcançar e conservar, nos legou no seu notável escrito «O Príncipe»(1532) . Nicolò di Bernardo Machiaveli, nome dado ao pimpolho nascido, em Florença, perto da ponte do «Vecchio»,desde muito cedo deu demasiada atenção às prédicas de Savonarola que anunciavam os flagelos adivinhados se os governantes não deixassem de ser corruptos.
Ora Maquiavel cedo notou que por causa desse aviso, Savonarola,perdeu a cabeça que lhe foi cortada (entre outras coisas), por afrontar os poderosos.Que acham que ser corrupto, é natural e até parecem dizer justificável,um mal menor.
Nomeado cinco dias depois do acontecimento, Secretário da Chancelaria da Cidade, Maquiavel depressa se decidiu que, melhor seria especializar-se em explicar aos poderosos que um «Príncipe», alcançado o Poder,deve cuidar-se, pois se seguir os ensinamentos clássicos -ser justo, prudente e clemente -não governará por muito tempo. Por isso Maquiavel lhes ensina as artes que devem aprender para tal não suceder: -não serem bons porque mesmo que o fossem, em torno «deles» outros o não seriam. Não valeria pois, a pena, sê-lo, mas apenas parecê-lo.É com isso, e só com isso,ensina Maquiavel, que um «bom Príncipe» se deve preocupar,se pretender reinar por muitos e bons anos.
E desse modo postula que o «Príncipe» depois de alcançar o poder, tem é de se preocupar em conservá-lo. Por isso adverte: o fim justifica os meios empregues para tal feito.E mais importante, faz notar que o vulgo se deixa cativar pela aparência e com o êxito (demagogia).
E desse modo postula que o «Príncipe» depois de alcançar o poder, tem é de se preocupar em conservá-lo. Por isso adverte: o fim justifica os meios empregues para tal feito.E mais importante, faz notar que o vulgo se deixa cativar pela aparência e com o êxito (demagogia).
Ora o recém-nomeado Professor da Cátedra de Ciência Politica da Universidade Sénior do Prior Sardo, o «Principezinho» cá do burgo, teve, forçosamente, de ler a bíblia de Maquiavel,para bem desempanhar este novo e mui digno encargo. E por isso, lá, aprendeu o essencial: nos nossos dias se vê (bem)como aqueles que têm pouco em conta a palavra dada e souberam burlar com astúcia e engenho «os homens», superaram aqueles que se detiveram em ser leais.
E certamente,foi inevitável, terá atentado e reflectido na pergunta de Nicolò:- é melhor ser amado ou temido? ou vice-versa?
Ora Maquiavel ensina os «Príncipes» que o melhor (e mais conveniente) é ser um e outro, simultaneamente, sublinhando que sendo difícil combinar ambas as coisas é mais seguro ser temido que amado. A ciência de um «bom» Príncipe, ensina o autor, é ser um fingido em acordo com as circunstâncias.
Aí chegado RE sabia-a toda.E sabendo que sabia e que os outros nada sabiam de tais saberes,soube até fingir que ficaria mais quatro anos ,para se dedicar a acabar os que os outros não saberiam,incultos sopistas de tais saberes.
RE mostrou assim ,que é um sábio,sabido, a merecer continuar «Príncipe».Pois que não tendo atributos para ser «rei», inverte pragmaticamente a máxima e guia-se por :
" mais vale príncipe muitos anos ,que rei apenas por uns dias".
Perante sobre tudo o que acima reflicto, teria eu alguma duvida em que o «Príncipe» do burgo viesse a ter, de novo, uma aceitação esmagadora?
Então por esse País fora não foram vistos até á exaustão muitos «principezinhos» para quem a arte da política não engloba a fidelidade aos valores, morais,éticos e civicos, afadigados em demagogia desmiolada, a justificar que todos os meios são válidos para alcançar os fins...numa fuga atabalhoada para a frente?
Aqui,(em Ílhavo) foi apenas a representação de mais um dos episódios maquiavélicos da arte política de bem cavalgar o poder (a de manter-se como num rodeo, o maior tempo na sela, sem se ser atirado ao tapete)
Aladino
NB-Parece que a «maquiavélica» personagem ,terrivel convencedor de «Principes» para obter as suas pretensões, só não terá tido muito êxito com Catarina Sforza.Depois de uma noite passada com o travesseiro,Catarina logrou desfazer as promessas da véspera,exigindo bem mais dinheiro ,a Maquiavel, pelas suas tropas.O que teria levado o jovem (Maquiavel) a restar ciumento do travesseiro,por este,afinal, ser mais bem maquiavélico que ele próprio.
Terá sido deste episódio que se admite, tenha vindo a ideia «maquiavélica», de que um bom travesseiro vale bem mais que um bom regaço.Por vil seja tido quem a isso der mau sentido.
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