domingo, novembro 08, 2009

Andorinha a olhar a primavera


Vem comigo, princesa;
Trouxe-te este alinhado bordado
Para enfeitares o leito
Onde quero festejar o teu corpo


Sorver o morango dos teus lábios
Carnudos,
Beijar os figos melaços
Que te rosam o peito;
Sorver o salgado do mar
No declive do teu ventre
Onde guardas a fonte
Que sacia a minha sede
(De ti.


Esmordaçar o teu corpo
Fundo
Dardejando -o e endoidando-o
No latejar dos sentidos loucos
Deste mundo.
Trocaremos beijos entre gemidos
Enquanto de olhos fechados
Sentirás a maré a subir;
Que vinda do mar nos trás a maresia
Para perfumar a nossa cama
De uma doce poesia.
Afogando-nos na espuma que se desmancha
Contra os novelos que tecem
O teu e o meu corpo.



Fujo para o interior dos lábios
Encostando a língua ao céu da tua boca;
Entrelaço-a nos ais falados
Molhados,
Na saliva quente das margens do sonho
Enquanto enrolo os fios do teu cabelo
Desalinhados,
Para com eles fazer uma trança ao luar;
Encaixados na noite,
Somos como sol a penetrar a sombra
Para trazer a madrugada.

Sinto o anel das tuas coxas
Enlaçando,
Enforcando , o meu corpo
Numa avidez louca de desejo.
Parecemos na noite barcos negros
A marear a vaga alterosa
Em vai-vem frenético ,contínuo.
Perdidos não param de se procurar
Ligados pela fantasia da intimidade
Dos teus e meus, abraços.


E só por fim quando a acalmia vem
Com ternura me colo aos teus recantos
A minha boca inerte, entreaberta, saciada
Pousa nos teus ombros suados,
Cansados.
E enquanto a minha mão enforma o teu seio
Túmido e pontiagudo,
Abandonado,
Os meus pés tocam os teus
Que estremecem de novo,
Inquietados.
De mansinho lavram os meus,
Deitando a semente à terra
Que não tarda a germinar
E logo a florir no jardim
Encantado
Do teu regaço lindo.
Como que dizendo
A quem nos olha,cegos,deslumbrados,
Que é tempo de voltar a’mar
Chegou ao fim
O Intervalo.

Sou uma andorinha acoitada no ninho
A olhar a Primavera.

SF –Nov 2009

Sem comentários:

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...