segunda-feira, novembro 30, 2009

Pintem o mundo de pomada preta..


Quando era puto ,passava longas horas na Farmácia. Claro que nunca quis ser Farmacêutico. Aquilo era negócio para senhoras.
Mas apreciava a feitura de manipulados. E até apreciava os «bruxos» da região que confiavam na «Ti» Eduardinha, que, a rigor, sabia confeccionar as suas(dele…) mistelas. O «Bruxo» da Pedricosa era sem dúvida o mais afamado. A receita já a minha mãe a sabia de cor.
-Vão à «D Eduardinha» – ditava - e peçam o garrafão miraculoso. Fui lá levar pipas de garrafões da mezinha miraculosa. Tenho a impressão que um qualquer dia devo ter tomado um gole da poção mágica.
O «bruxo» tinha razão em receitá-la ao mulherio…
E assim era. Um garrafão de uma mistela que se nada fazia (mas fazia(!) ,digo-o eu,e perdura a sua benfeitoria) tinha com ele «o milagre» . Que diferença existia nessa, noutra,ou em qualquer água milagrosa? São todas iguais. O crédito ao sobrenatural é sempre a questão :parece que temos tudo e de repente descobrimos que não temos nada. À espera que um outro qualquer –deus - menor ou maior, venha interferir.
Porque fui buscar isto, hoje?
Porque na Farmácia faziam-se, diariamente, quilos de« pomada preta».Que faziam explodir todos os abcessos, exteriores e interiores. Pomada milagrosa.
Hoje o mundo precisaria de mezinha especial como aquela, tão putrefacto ,e com tantos abcessos prontos a rebentar. Que jeito daria. Brochávamo-lo com a dita e o pus infecto saltava todo cá para fora.
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Nem por sombras queria outra Pátria. Mais : nem outra Terra eu queria.
Mas que ando envergonhado com uma e com outra,lá isso confesso, que ando. Pensei aqui há um tempo que ia ter paz. Tinha-a «comprado». A questão é que eu não quero paz. Nem a sei dar. Nem a mim nem aos outros.
Vivo claramente desassossegado. E transmito esse desassossego. Os únicos que parecem queixar-se são os que, aqui dentro das paredes, me vão suportando. E tanto se habituaram que, se eu peço uma, duas(!) horas para mim, para em silêncio me aquietar (comigo), logo reclamam inspecção médica.
Nem me deixam morrer inédito: -em paz.
Mas não são só os de cá,os de dentro. Espécie de pára raios, nem me deixam acreditar no que decifro: o sol aquece e arrefece os instáveis sentimentos alheios.E os meus estavam gelados postos em sossego.E vai...
E aparecem a falar-me de que um beijo, cura tudo. Oh!...isto de morto sem ter morrido ,custa, raio!
Nunca acreditei em« bruxas» .Mas lá que as hay…hay..
Aladino

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