A Todos os que …
Muitos foram os que, lendo na rede o óbito de mais um ano de
vida, que não o óbito do personagem, tiveram
a pachorrenta, mas por mim louvada paciência, de me felicitar por mais este ano
ganho à magana.
Esta coisa da vida é uma série de batalhas.Em que os mais
sortudos vão ganhando (e festejando o
facto),com a certeza, porém, de que perderão a guerra.
Cruzei-me hoje com pessoas conhecidas, umas, outras amigas.
Um deste, amavelmente a ver se me convencia disse:
-Parabéns…e está muito
bom…
-Por fora rematei, eu…porque por dentro pareço uma vaca
parida em deserto. Terrivelmente só.
Envelhecer (e não faço
disso uma tragédia) provoca-me uns certos medos. De perder a racionalidade
(excessiva!) que sempre tive, e perder a
certeza de que não andei a vida a plantar
boas ideia em areal seco.
Duas ideias me preocupam, no entardecer. Vejo muitos da minha
idade-olhem o Lobo Antunes!- a recuarem,
a sofrerem de um renascido nacionalismo, e até de reencontro com a religião.
Aviso desde logo: tenho as contas saldadas com um e com a
outra. Se um dia me virem ou ouvirem dizer o contrário, perdoem….já não sou
eu.Ponto final.
Não confundo (ainda!) nacionalismo com vaidade patriótica. Detesto
nacionalismos serôdios. Ou até perigosos. Gostaria de pensar que a Pátria ( hoje vendida ao desbarato) se negará
,como eu, ao embrulho num caixão. Eu posso ir, mas Ela ficará. E com Ela ficarão os de boa vontade, que expulsarão os
vendilhões dos dedos (porque
os anéis, esses(!) já se foram).
Com a religião ( de todas) fujo….Fujo sem renegar os bons
princípios que colhi e respeitei. Não na catequese, mas na exegese paterna. Mas
objectivamente, racionalmente, não preciso de deusificação de coisa nenhuma, para perceber que estou por aqui, sem
intervenção divina de qualquer tipo. Entregue a mim mesmo. Mas no pleno respeito
pelos que assim não pensam.
E assim.: sempre soube desde muito cedo que o querer ser eu –a meu modo e jeito –tinha o seu custo. Sorte
foi, que esse custo fosse encarado como um laudo jantar de que nunca me senti
enjoado.
E por isso gostaria de agradecer pessoalmente, a todos que se
esforçaram por me convencer, que trocar mais um ano a voltas à vida, merece parabéns. Convenceram-me a a atiçar
a brasa ,por mais um tempo,
aqui, em frente a esta natureza prodigiosa que me arrebata os sentidos, a mudar
a cor, a cada cor com que os olho.
J e ne regrette rien… de
tout ( e bebo à Vossa)
SF
Sem comentários:
Enviar um comentário