segunda-feira, janeiro 26, 2015



SYRIZA

 O programa do Syriza (refiro-me ao mais recente, já expurgado de algum radicalismo do primeiro) é,em meu entender, um exercício soberbo de sintetização de regras que se destinam, se aplicadas, a resolver o drama humanitário  hoje vivido por uma grossa fatia da  população grega. Aceito que aqui, em Portugal, estejamos ainda longe de situação tão dramática. Mas não tenho a mínima duvida de que, a continuarmos sem inverter  a actual senda ultraliberal, lá chegaremos. E bem depressa. Sempre com os governantes a «papaguearem» que estamos em recuperação, o povo é que ainda a não viu…Repetição da tragédia do Titanic, com a orquestra a  a sinfonia nº9 de Beethoven….

Se algo pois, me espanta, é que a votação (37%) que muitos consideram uma vitória estrondosa, não tenha sucedido com uma margem muitíssimo mais elevada.
Saber-se se o Syriza vai conseguir aplicar o dito programa é coisa bem diferente. Por incapacidade sua, ou o mais certo, por oposição cega da oligarquia, interna e ou externa (de Bruxelas).

Como ouvi pelas entrevistas, o problema pode ser muito mais grave do que admitimos, se o Syriza não conseguir encontrar receptividade nos Orgãos Europeus. Então poderemos ter, ali, uma revolução de consequências e extensão, imprevisíveis.
Assim, este resultado saído de umas eleições democráticas, que  conduziu, pela primeira vez, a uma vitória de uma força radical da esquerda, no seio da União Europeia, pode ser o vestíbulo de revolta  fratricida.
Os primeiros passos serão por isso de elevado risco. A negociação tem de ser conduzida com muita habilidade politica. E grande pragmatismo.

Não sei se a Europa tem dirigentes à altura para tal desiderato.
 

Sair…ou ficar….

Numa curiosa entrevista da TSF, a Ferreira do Amaral e a Francisco Louçã, ficou claro, que, mais do que um problema ideológico, a divida publica não é pagável.   
Se por estudos comprovados, tal é claro, porque se teima e se perde o tempo a fazer de conta que não, que nós poderemos pagá-la?...
Quando na vida empresarial tal situação é detectada, o devedor sério –  que quer pagar mesmo! – deve apressar-se a explicar ao credor esta situação. E apresentar um programa realista, onde demonstre os proveitos e as despesas de onde sairão os recursos para pagar, mas em tempo mais dilatado. E o credor andará bem, se não quiser perder tudo, não só dilatar o prazo de pagamento, como manter (ou até diminuir os juros).Ora isto é o que deveria suceder no caso das dividas soberanas(muitas das vezes feitas por decisão de incitamento, externo).Se o default for continuado e propagado de País a País, por inevitável, os países, hoje com excedentes, cairão mais tarde ou mais cedo em situação financeira, e depois económica, catastrófica. E a Europa soçobrará.
Curiosamente Ferreira do Amaral (aqui), e outros economistas de renome (lá por fora), começaram a explicar que não é assim tão medonha uma saída do Euro, se negociada.

Porque hei-de estar agarrado a uma viga de ferro que me vai levar inexoravelmente para o fundo? O melhor é larga-la…e nadar…

Já ?????
Ouvi hoje, estranhamente, gente próxima do PS (dos outros quadrantes não admiro, nem critico),considerar (parece que regozijada) com o pretenso falhanço que foi o da aliança do Syriza com os Independentes, para formarem  governo.

Ora o que o PS poderia, era dizer ao BE, e mais responsavelmente ao PC, que  era assim que há muito por cá deveria acontecer: encontrar pontos de acordo essenciais no fundamental, e coligarem-se, ou fazer pactos de governabilidade, mantendo cada um a sua essência própria.

Não estaríamos como estamos….
SF

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