AVISO : este Blog contém matéria que pode ferir susceptibilidades a senhoras virgoleiras
o autor
Mon chèri ami:
Venho agrdecer o postal que me enviou desse altar que
a natureza criou, para que os homens
fizessem da viagem experimental,que é a vida,um hino ao espírito.Da
janela do palacete dos Pinto Basto,ao admirar o nascer do sol,graimpando lá das seranias,parecia
-me, a mim, pobre mortal, que vivia muito mais intensamente,ao fazer parte desse
acordar esplêndido a provocar o
bulício de tudo quanto ,pousado ou adormecido na Laguna parecia acordar..
Sempre que aprouver, faça -me renascer «do Ega» que anda aqui,novamente, perdido, cumprindo a sina com que nos carimbou o nosso criador, Eça
de Queiroz.
À bien tôt...
João da Ega
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------E
Porque hoje é domingo,resolvi responder ao meu caro Ega
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Caro
Mon ami João da Ega
Os meus efusivos cumprimentos, que solicito transmita com
intensidade ao nosso comum amigo Carlos da Maia.
Venho dar -lhe conta de que resolvi renovar a V estadia aqui.E envolvê-los de novo numa
nova, aventura e estadia,entre nós.
Para adoçar os dias e lhe relembrar os tempos aqui passados, envio-lhe um novo postal
das suas conhecidas, Tibéria e Josefa, que ajudaram a lhe adoçar -eu não sou de
bisbilhotices,descanse!-os dias aqui passados.
Até sempre.Senos da Fonseca
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Postal da Costa-Nova
O que valeu ao «Cantigas» é
que o raio do canário …era canária….
Intriguei-me nestes últimos dias,
de nunca mais ter posto,a vista, à Tibéria
e à Josefa, que como por encanto desapareceram do mapa. Afinal,
nesta ultima segunda-feira, novo encontro.
E fiquei a saber porque se eclipsaram: peixeiras na praça ,esta fecha às
segundas. E é só neste dia que elas vêm
desenferrujar as pernas.
-Ò Senhor :dantes era uma fona .Daqui p´ra Ibalho,fazer
a venda e voltar pela noitinha ,derreadas, esgalfas ,mais tesas que o carapau ressequido que não tivera
freguesa..Aí sim (!) é que estas perninhas que agora parecem mijadas(com sua licença) eram roliças
,duras e torneadinhas. Ai do zamparilho que
se astrevesse a meter-se no meio
delas.
-Era assim, era…. ajunta a Zefa. Às
vezes, era já noitinha, e o que valia era que aquele caniné do Labareda nos esperava .Até que todo o pessoal arribasse à Maluca, feita a
venda na Vila..
-Atão hoje não têm nenhuma
estória para me contar? interroguei eu…a meter cunfia.
-Crédo ,você parece q’ué bruxo .Olhe!...vinha
agora a lembrar com a Zefa da história da
Pauseira «Canária», que era uma savelha
de se lhe tirar o chapéu. Mulher
danada, de sim ò sopas. Mulher de ou
fora ou adentro …a meio é que
se não podia ficar.
-Conte lá Ti Tibéria….conte raios
que sou todo interessado.
E a Zefa não se fez rogada.
- A Pauseira tinha na sua casinha, ali nas dunas,
um canário que estimava muito. O raio do pássaro , um dia apareceu esmorecido
.Parecia que tinha lançado um grapelim ao trapiche
e de lá não saia,nem para molhar o bico.
E pior : nem piava.O estipor do canário,dizia o Luis
«Cantigas»,o serrazina do home da Pauseira: -dá-lhe uma «passarinha»a ver se o bicho desperta.
Olha : o que o bicho tem, é falta da
«passarinha». T’ asseguro.
-Pois, quem não tem falta da
passarinha és tu, «Cantigas» .Há benícias
que nem lhe pões a vista em cima. A vista e o resto,raios, diz inquisilenta a Pauseira ao seu homem. P’ra
ti esconjurado,«passarinha é o garrafão do tinto. Ora vai-te,que eu tenho mais que fazer c’abanar
o traseiro.
«O Cantigas» lá foi a resmungar para a vida. A «Pauseira ficou a fazer horas
para ir p’rà escorcha, aproveitando
para fazer um caldo de conduto para a ceia.
A meio da manhã batem ao «portaló».
-Quem bate? E o que quer ,diz ao
tempo que abre a portinhola. Cá fora, especado, o Arnaldo «Mijinhas», uma
espécie de botadinho à parte, atrapalhado
e nervoso, diz à Ti Pauseira:
-O Ti Luis mandou-me aqui
,dizendo para Vossemecê me dar «passarinha» que ele não teve tempo de
lhe pôr a boca em cima.
-O Luis mandou-te mesmo ,para eu
te dar a «passarinha»? Ai ele quer mesmo enfeite? Anda cá filho,que eu dou-te a
dita. E agarrando o «Fininho» puxou-o a si com força, atirando-o para o catre
disposta a cumprir ordens, que Capitão
manda imediato obedece.
Só que o Arnaldo pouco dado a
empostas do género ,incapaz de ciar
em mar tão encapelado ,fixou com pavor à
trabuzana que para ele representava a Pauseira , e espavorido,
dá de se libertar do corpo da fera desembolada ,escapulindo-se ao lancão
d’alentada mulheraça.
À noitinha ,quando o Luís
«Cantigas» voltou da faina,a Pauseira não esteve com meias palavras:
-Olha lá ó seu zamparilho,
atão tu agora já não te satisfazes com a «passarinha», e mandas substitutos p’rà aconchegar?
-C’a estás tu pra aí a xanar, raios?
Eu mandei o «Fininho» buscar o garrafão de vinho. A que tu chamas «passarinha»,
homessa (?!).
-Homessa (!) digo eu ; o que te vale é que o raio do canário é canária.
Senão a estas horas estavas mais enfeitado
que o manso do boi amarelo do abegoeiro Ti Aparício.
-À ganda Ti Zefa.
Vamos lá acabar a voltinha, que para a semana vossemecê conta-me outra. Combinado, remato eu bardaleiro
?
-Pois atão .Se lhe der volta,
apareça lá pela praça .Há lá bom peixe. O que está a dar ,agora, é a chaputa» .De entupir uma jàja. Olhe!...mande notícias aquele bem disposto
Ega que por aqui lavrou no rego....
-No rêgo dizas tu... Zefa, que no meu nem chincou...
SF
1 comentário:
É sempre um bem precioso que nos entra pala porta, melhor dizendo pelo gmail Obrigada, amigo, e mande sempre.. Aquele abraço feliz por ser domingo con meneios de Tibéria e Josefa. Zita
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