domingo, setembro 16, 2007



(Na despedida)

Ria Esquiva

Quando pela frígida madrugada
Entras devagarinho ,
Parecendo envergonhada
E me dizes psst!
Tão de mansinho,
Sabes bem que te acolho e recebo,
Oferecendo-te o meu corpo
Para que nele te aconchegues, enrolada
Mesmo que já não sirva para nada

Cubro-te com bragal de linho bordado
Teu corpo feito de lindas águas
Agora cansado.
E deixo que adormeças
A sonhar com o norte
E com as gaivotas grazinas
E os peixitos traquinas
Que te debicam o peito
E assim afugentam a morte
Salvando-se da má sorte

Acordado velo
Para que nada perturbe
A paz do teu sono, tão belo
Até que a manhã desponte
E seja eu a chamar
Para te acordar ,psst!
Para que não percas
O grandioso momento
Em que o Sol te vem beijar
E as grazinas traquinas começam a gorjear


Partes sem nada dizeres
A recomeçar teu fadário
Sem nada fazeres
Ou de mim algo quereres
Deixando-me em lágrimas banhado.
E sem que dos teus lábios
Venha palavra meiga,
Partes em alto devaneio
Bonita, bela e esquiva.
E eu aqui resto, sem vida


Senos Fonseca
16 de Setembro 2007

FIM DE ÉPOCA 2007

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