sábado, janeiro 30, 2010


Super Nacionalismos

Existe um sério problema ao qual me parece se estar a dar pouca importância.
Não é só cá pelos nossos lados. Também lá fora, ainda não se ensaiam opiniões (muito) concludentes de modo a fazer ressaltar a impossibilidade de reabsorver o desemprego generalizado, por meios reais. Isto é através de um aumento do crescimento.
Ora nós pensamos que há aqui uma questão incontornável: as super produções conseguidas nos domínios dos produtos que alimentaram o consumismo, baseadas numa estratégia creditícia de contornos perturbadores, dificilmente poderão continuar a crescer, mesmo que o boot de vendas fictícias ainda se mantenha. Primeiro porque os mercados no mundo ocidental estão saturados, e cheios de lixo consumista. Segundo porque a bolha voltaria e com mais força.
A realidade é outra bem diferente; os mercados em crescimento vertiginoso obrigaram a deslocalizações da produção dos bens a produzir para zonas geográficas mais perto dos mesmos. Lógico. E, claro por razões de exploração de mão-de-obra local. Para que eles comprem tem de se lhe meter uns míseros tostões no bolso.
Para voltarmos a taxas de pleno emprego precisaríamos que a Europa rondasse taxas de crescimento muito perto de 5/6%.Ora isso, no futuro, nunca será possível no velho continente. Nem sequer na Alemanha, isso, será viável.
O que vai suceder é, apenas e só, um atenuar do descalabro dos últimos dois anos. Mas por intervenções governamentais sobre a economia, não porque esta o possa conseguir sozinha. Mas estas intervenções esgotar-se-ão rapidamente porque os grandes grupos já andará por outros lados. E a Europa com as portas escancaradas não poderá fazer muito mais para evitar que a satisfação das necessidades do seu mercado, em grande parte, possa ser feita por agentes externos.
O grande projecto pós moderno de um império Europeu construído voluntariamente, esfumar-se-á. À tentativa de atenuar os nacionalismos no seu interior, responderão outras potências com um exacerbar nacionalista.
A Rússia, de mãos livres, senhora de uma capacidade energética brutal, terá a tentação de fazer pagar a afronta do fim da guerra fria. E lá longe a China acumulará riqueza de um modo brutal, que a levará finalmente a concretizar o seu lema: país rico precisa de forças armadas poderosas. Os tempos da sua humilhação de há, ainda apenas sessenta anos, encontrarão finalmente o momento de vingança. Em tão curto espaço de tempo a memória é,ainda, fresca. O super nacionalismo mostrar-se-á em toda a sua, dimensão e força, a exigir vassalagem.
Os super nacionalismos estão aí a chegar. Cuidem-se.
Aladino

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