CARPE DIEM versus BEATUS ILLE
A propósito do CARPE DIEM
publicado (3Nov 2012), à medida que as horas
silenciosas vão correndo, vou eu discorrendo….
Creio que sempre que a vida nos prega uma partida, paramos e
juramos: é agora .Parece chegada a
altura de procurar viver segundo Horácio , o poeta venesino.
Viver segundo as regras do poeta
era viver na suprema virtude (perfeição )da vida.
Seguir Horácio –e muitos juraram segui-lo ,e imitá-lo –tinha
entre outros saberes ( virtudes) o beatus ille, que seria o viver «afastado» , num modo (propósito)
contemplativo. Ora manda a verdade dizer que os nossos Árcades, cantavam esse viver. Só que não muito longe do bulício (e
prazeres)da cidade. Era o tal viver lá
fora, cá dentro. Quando muito cantavam as suas Odes nos jardins públicos, a
paisagem citadina que imitava (?!)a «Arcádia» pastoril.
Por mim, também aderia (poeticamente)
ao CARPE DIEM.
Só que prometi fazê-lo um ror de
vezes, e voltei sempre ao mesmo. Mas tantas foram as vezes que jurei dizer
palavras que afinal nunca disse; tantos foram os gestos ensaiados e logo
fenecidos á nascença; tantos foram os sentimentos que guardei só para mim, quando
os devia lançar ao vento e deixá-los ribombar por todos os cantos….,A cada
promessa ensaiada, logo voltava à estaca zero.
Chego pois á conclusão, que (já) não mudarei, embora
o tenha prometido, agora,uma vez mais.
E por isso continuarei a querer importar-me ;e
continuarei a querer saber; e continuarei a aceitar sofrer. E
continuarei a guardar a sete chaves muito dos meus sentimentos, que não
contarei a ninguém. Que levarei comigo. Como
levarei os gestos e as palavras, os sorrisos e as lágrimas.
E vou andando. Continuarei a
deixar-me agir impulsionado por um qualquer sonho. Não tenho outro modo de me
deixar existir. Parece que nunca aprendi. Ou não quis.
E discorro: os avisos e
propósitos de Horácio, ficaram registados
nos compêndios literários. Morrem lá enterrados, bafientos. Utopia
inalcançável..
SF (7 Nov 2012)
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