quarta-feira, novembro 07, 2012


 

CARPE  DIEM versus  BEATUS ILLE

A propósito do CARPE DIEM publicado (3Nov 2012), à medida que as horas  silenciosas vão correndo, vou  eu discorrendo….
Creio que sempre que  a vida nos prega uma partida, paramos e juramos: é agora .Parece  chegada a altura de procurar viver segundo Horácio , o poeta  venesino.
Viver segundo as regras do poeta era viver na suprema virtude (perfeição )da vida.
Seguir Horácio –e muitos juraram segui-lo ,e imitá-lo –tinha entre  outros saberes (  virtudes) o  beatus ille, que seria o viver «afastado» , num modo (propósito) contemplativo. Ora manda a verdade dizer que os nossos Árcades, cantavam esse viver. Só que  não muito longe do bulício (e prazeres)da cidade. Era o tal viver lá fora, cá dentro. Quando muito cantavam as suas Odes nos jardins públicos, a paisagem citadina que imitava (?!)a «Arcádia» pastoril.
Por mim, também aderia (poeticamente) ao CARPE DIEM.
Só que prometi fazê-lo um ror de vezes, e voltei sempre ao mesmo. Mas tantas foram as vezes que jurei dizer palavras que afinal nunca disse; tantos foram os gestos ensaiados e logo fenecidos á nascença; tantos foram os sentimentos que guardei só para mim, quando os devia lançar ao vento e deixá-los ribombar por todos os cantos….,A cada promessa ensaiada, logo voltava à estaca zero.
 Chego pois á conclusão, que (já) não mudarei, embora o tenha prometido, agora,uma vez mais.
E  por isso continuarei a querer importar-me ;e continuarei a querer saber; e continuarei a aceitar sofrer. E continuarei a guardar a sete chaves muito dos meus sentimentos, que não contarei  a ninguém. Que levarei comigo. Como levarei os gestos e as palavras, os sorrisos e as lágrimas.
E vou andando. Continuarei a deixar-me agir impulsionado por um qualquer sonho. Não tenho outro modo de me deixar existir. Parece que nunca aprendi. Ou não quis.
E discorro: os avisos e propósitos de Horácio, ficaram registados  nos compêndios literários. Morrem lá enterrados, bafientos. Utopia inalcançável..  

SF  (7 Nov 2012)

Sem comentários:

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...