domingo, novembro 25, 2012


 

«Milena»
 
De vez em quando acontecem coisas sérias nesta Terra.

Surpreendente (e muito louvável) a iniciativa de «O Ilhavense».
Não só por promover  a edição do livro «Milena», livro que, diga-se desde logo,  se absorve  de um trago: inicia-se e tem-se logo vontade de o levar de uma tirada até final .Porque é um trabalho muito sério (e infelizmente essa seriedade não tem sido apanágio na abordagem da epopeia do Bacalhau).E muito bem organizado (o registo factual é brilhante), lindamente escrito na sua simplicidade narrativa. E acima de tudo de uma virtude intocável: o autor narra factos, mas nunca cede á tentação de se fazer figurante maior. O que, no relato bacalhoeiro, é pouco (ou nada) habitual.Mais propenso os autores  a auto- biografarem-se.

Sem duvida que o «Milena» é a figura central onde decorrem os «feitos». No caso azarados. Curiosamente lembro-me do «Milena – conheci muitos figurantes que lá deixaram suor e lágrimas –- e na minha memória de rapazito e ouvinte atento das conversas dos «bacalhoeiros», que duravam noite fora, por vezes  até ao nascer do sol, a ideia que retive é que sendo um «barco grandalhão», não era um mimo de lugre: mau de manobra, pesadão, muito trabalhoso para a pesca, alto de borda, diziam «ser barco de sorte má para quem lá embarcava». Certamente a má sina que o perseguiu em 48, terá acontecido em muitas outras campanhas. Os barcos, como os homens, têm alma. E por isso há uns de boa sina, e outros de sina danada.
«O Ilhavense» para lá de promover a edição, tudo fez para dignificar a sua  apresentação, dada a ausência do autor, muito bem representado por seu irmão..
Empenhou-se(eu testemunho-o)  na dignidade do acto.
Só não entendo porque não se deu ao livro o palco merecido. Este sim (!) merecia a sala do MMI.

Porque este livro fará história. Outros que lá foram pomposamente apresentados, nem no rodapé da dita, ficarão. A não ser que a sala (muito digna) da Junta de S.Salvador, tenha sido escolha própria de «O Ilhavense».

SF

Sem comentários:

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...