REENCONTRO
Vem Ria!
Corre e vem roubar-me a este desengano
A este silêncio amargo que me entedia,
Tão intenso que o seu «ruído» me ensurdece.
Tenho frio de ver a noite, tenho sede de ver o dia.
Vem Ria!
Foi no meu mar interior que o rio da vida veio desaguar;
Trouxe no seu ventre o inverno da vida.
Vejo pessoas como barcos negros a navegar
Cruzando o breu da noite sem se verem, ou sequer saudar.
Vem Ria!
Traz contigo o vento para varrer as minhas penas.
Quero nele verter as minhas rosas de espinhos
Quero nele sentir o ressoar do meu coração distante
Quero que ele me traga a parte do meu sonho que pereceu.
Vem Ria!
Traz-me o azul para nele embrulhar as recordações
Onde nem tudo, no passado, foi falso
Quero recordá-lo para o volver presente
Trazer para junto de mim, quem está ausente.
Vem Ria!
Oh! Quanto nos afastámos neste verão de dor
Recomecemos, hoje, o nosso inocente amor.
Deixa que este tempo do não viver, não dura sempre:
Eu vou acordar deste sono falso, deste cansaço aparente.
Vem Ria!
Eu não sonho possuir-te, ser contigo carnal
Não: contigo não quero ser, assim, banal
Quero voltar a ver-te nua, mas não possuída
Quero voltar contigo ao pedaço de vida interrompida.
SF. Nov. 2012
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