O Mar e o Arrais
Que trazes farfalho da vaga que lá vem?
Com que dimensão, com que medo me queres aterrecer,
Ou com que inquietação me queres saber?
Não aceitas (?), danado, quem medo de ti não tem?!
Podes vir de breu, negro e ameaçador,
Podes trazer contigo o vento a chiar e a rugir,
Relâmpago ou trovão a zunir;
Podes trazer tudo
Mar sem fundo,
Mar de todo o mundo.
Vem estipor!
A tudo direi basta
Que o medo é breve, mas a glória vasta.
De ti, minh’alma não teme fugir
Nem dor colher, sorriso ou afago.
Chegada a hora de te fruir
Bebo-te, mostrengo, de um só trago.
Vem danado!
Se a tua grandeza é vasta
Para a dominar, uma mão me basta.
Pois tu, afinal – ó Mar!
És tão pequenino
Que a tua imensidão
Cabe aqui, todinha,
No seio da minha mão.
Senos da Fonseca
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