segunda-feira, agosto 03, 2020



Alqueidão e os seus Palacetes.


No século XVIII podemos já referenciar na vila o Visconde de Almeidinha – D. José Osório do Amaral Sarmento –, casado com a Baronesa de Almeidinha, D. Maria Benedita de Sousa Queiroz Bizarro, detentora, desde 1828, do Morgado da Nossa Senhora da Nazaré[1] que referimos ao abordar o Chão dos Pobres. Esta senhora era dona de uma enorme fortuna, o património mais rico da província. Incluía a Quinta da Sr.ª das Dores, em Verdemilho, e vários palacetes em Aveiro, para além de possuir diversos vínculos (Mortágua e outros). Esta fortuna imensa viria a esvair-se, até à ruína, nos finais da primeira metade do século XIX (1847), passando a casa de Alqueidão, e a Capela, à pertença de estranhos à família.


O palacete de Alqueidão[2] teria sido residência esporádica, no século XVIII (cerca de 1721), do capitão-mor de Ílhavo, João Sousa Ribeiro, que habitual- mente moraria no seu palacete de Aveiro, no largo do Terreiro.
A mesma zona de Alqueidão , onde no século XVIII e XIX se encontravam as casas mais ricas da vila, seria também a escolhida para a residência




da família Alcoforado, de onde se distinguiria a D.Henriqueta Maia, filha de
Manuel da Maia Alcoforado. Senhora de grande bem fazerm, muito ligada às actividades religiosas e de caridade, privilegiando a Igreja com entregas valiosas. E também à comunidade local, à qual ofereceu os terrenos[3]para a câmara de então, criar o Jardim Municipal que tem hoje o seu nome. Casada com o Dr. António de Cerveira[4],a sua família era detentora de uma grande casa com inúmeras propriedades, algumas delas aforadas (ainda em 29 de Setembro de 1894 é feita uma escritura de remissão /venda do foro de um terreno seu, a favor de José Jesus Pequeno).
No século XIX seria ainda num local mais a nascente dos Alcoforados, designado ao rio da Vila, que se situava a casa opulenta do prior João Martins dos Santos, senhor de grandes posses[5]. Nesta casa (situada entre a actual Junta e o antigo colégio ) vivia o pároco com duas sobrinhas ( e um sobrinho) , uma das quais D. Catarina que, vencida a oposição do tio, viria a casar com Manuel Maia Vieira, descendente de lavradores ricos da vila. Maia Vieira, que os pais destinavam à rendosa vida eclesiástica412, teria sido assolado por louca paixão votada a D. Catarina, vindo a distinguir-se na vila ao exercer, mais tarde, o alto e poderoso cargo de capitão-mór de Ílhavo, acabando por se tornar dono de uma das maiores fortunas da terra.

É ainda referido, habitar na vila, no prédio onde mais tarde se viria a instalar o Teatro, o Capitão Sousa Pizarro(tio de D. Benedita Pizarro, mais tarde Viscondessa de Almeidinha), homem fidalgo de grande prestígio e reconhecimento na comunidade.
Senos da Fonseca


[1] Na doação de D.Manuel a D.Jorge, Duque de Coimbra,é afirmado: porém mandamos aos nossos contadores, almoxarifes, escrivains das ditas terras (...) e a quaisquer outro corregedor, juízes, meirinhos... aver e lograr e possuir as ditas terra (...) o que, ao que se pensa tendo aplica- ção para Ílhavo, como para Aveiro, vem focalizar a existência de um número elevado de funcionários régios espalhados pelas urbes. (SILVA, Maria João Marques, in Aveiro Medieval, p. 85.
[2] Também conhecido por N.ªSr.ª dasNeves, derivado do vinculo(instituído)de se rezar na sua capela, uma missa cantada, em cada ano, em dia da N.ª Sr.ª das Neves.

[3] Que tinham sido anteriormente sua propriedade e que, por essa razão, para os oferecer teve de os readquirir.
[4] Este Dr. António Frederico de Cerveira, casado com D. Henriqueta Maia, foi um homem de grande superioridade moral e intelectual e, acima de tudo, de uma total disponibi-lidade para os pobres a quem, no primeiro dia da Primavera, oferecia sempre um lauto bodo. Presidiu à câmara municipal, sendo de sua iniciativa a construção da estrada Ílhavo – Costa-Nova, bem como do Matadouro. Recusou o cargo de Governador Civil.
[5] Este prior era ,acima de tudo um comerciante de bacalhau(negócio que detinha com o sobrinho).E aquando da construção da Igreja,como era seu encargo a construção da capela -mór, quis que o construtor empolasse o preço da construção da Igreja,para incluir na empreitada, aquele valor.

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