FOI VOCÊ QUE PEDIU UM PÊSSEGO ?
...SABE COMÊ-LO ?...
Chegou com um ar desiludido, sorriso fechado ,gestos tensos –em completa «fossa» :
-Então como vai a bizarria (?):- disparei …
-Ácida ,amarga .-monótona, retorquiu
.Uma pessegada ! Os Homens começam a ser uma raridade pouco ao alcance de quem vai ficando sobrecarregada com aniversários. Que ,ainda festejemos, mais razões tínhamos,era,de os lamentar …
Deixa –Te de pieguices : atalhei .
E para que sorrisse lá lhe fui dizendo .
- Por falares em fruta :-Olha que ainda és um bom «pêssego» ! Anima-te !...Sabes (?) : há dois tipos de pêssegos.Uns lindos por fora,charmosos,gulosos :já vi muita gente deles se fartarem à primeira trincadela .Sensaborões …Verdes ...E olha que não é a fábula da «raposa» ...
Depois, há os que mantêm a atracção; macios por fora ao tacto, e quando se trincam,para além de muito doces , são polpa apetecida. Desfazem-se em gostusura húmida. Apetece ir até ao fim.
Um bom «pêssego» deve-se comer à trincadela e nunca – mas nunca !- descascado com faca.Com dentadas suaves ou esfomeadas, vamos avançando e eles derretem-se na boca, fazendo soar as campainhas que ainda dentro de nós se dispõe a festejar a ditosa vitualha…
Ora deves, é reparar que, os «pêssegos» verdes exibem-se na praça pública em caixotes, às dúzias ,alardeando impúdica oferta .Um «pêssego» –um bom« pêssego!» - sugere-se em oferta íntima –mesmo que misturado com outra peças -numa taça de cristal onde faz valer o seu perfume .E a sua macieza E mesmo que ao toque não seja tão durinho,isso mesmo é a sua virtude,convidando à trincadela…
Vi-lhe um sorriso e pensei: está feita a minha boa acção de escuteiro, por hoje …
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Passados dias voltei a encontrá-La .
- Então ?... aos costumes, não dizes nada!
-Como posso dizer (?!); com a míngua de homens interessantes que por aí vai… atalhou …
-Não me digas …Então já todos comem de faca …?!…
-Pior; “de faca e garfo” .E chegado ao caroço atiram-no fora, ainda cheio de carninha …
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Este mundo está perigoso …E a distribuição horrível. Uns com tanto; e tantos só com o caroço…Ainda falam do capitalismo selvagem…
Ou será que é mesmo assim: as coisas murcham com o desbotar dos sentidos
Senos da Fonseca
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