segunda-feira, dezembro 16, 2013




Heterónimo…et voilà..

Com o aparecimento do livro «Maresias», sucedem-se os espantos daqueles que, conhecendo-me ao longo de uma vida, foram construindo uma ideia completamente diferente do meu eu, como personagem. Às vezes até – que diabo! – excessiva. Bem distorcida, muito hiperbolizante.

Eu justifico:  nós… todos nós!... não podemos ser exactamente como gostaríamos de ser. E a vida comanda muito da nossa postura, e até, dos nossos actos.

O mundo-dizia o poeta- é de quem não sente. Eu por mim encontrei uma boa dose de insensíveis. Dizem essas pessoas que são assim por assumirem uma atitude essencialmente pragmática. Outros até chegam ao dislate de serem assim, ou assim procederem, por racionalidade:  dizem !

Ora comigo numa ansia de querer ser tudo quanto a vida me deixasse ser, houve momentos que me exigiram determinação, risco, e logo, acção. Por vezes foi preciso fazer escolhas dolorosas. Toda acção tem em si uma provocação da nossa personalidade sobre  os que nos circundam: às vezes ocorre falharmos. E então magoarmos, ferir alguém que se atravessa no nosso caminho. Quem quer ser, apenas e só simpático, não sai do mesmo sítio.

Houve pois momentos doridos. Não tinha a certeza que as minhas decisões estivessem certas.

E sabia que um dia teria de o confessar, mesmo publicamente. E foi o que aconteceu, agora que me desnudei, tal desfaçatez não deixa de criar engulhos a alguns. Expor-me assim...?!

Uma sensibilidade híper activa esteve sempre presente. E por isso houve momentos em que necessariamente tive de ser frio, calculista e até exceder as barreiras convencionais.

Todos nós carregamos um «crime» feito, ou um crime que a vida nos pede para praticar. Hoje sinto-me com as contas em dia.   

Concluo que deveria ter assinado o «Maresias» com um heterónimo. Assim talvez estivéssemos mais perto da realidade.

Uma parte exigiu que fosse de uma maneira; outra parte permitiu-me ser um outro que talvez sempre tenha desejado ser, mas que me foi impossível ser….

SF   Dez 2013

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A « magana » que espere....  Há dias que  ainda me conseguem trazer interesse renovado, em por cá estar  por mais uns tempos. Ao abrir logo ...