Vou fechar a portada....
Porque tive eu a ver
Com senhoras que se vão lavar à missa,
Ou com homens «felizes»,
Porque lhes é dado o encanto da estupidez?
A minha vida nunca foi para mostrar
Nem sequer para trazer como amuleto
Pendurado ao pescoço.
Mas....
No ar, hoje, nesta calmaria aparente
Há uma dorida ausência de sol
Há, eu sinto,
Uma vibração latente, estranha
Pairando no ar, parecendo ausente,
Serão bruxedos?
Lá que os hay….hay….
Agora já não duvido.
A fé e o bruxedo são
Faces de moeda
Do mesmo enredo.
No pinheiro que tenho
Postado em frente de mim
Uma gaivota pousa, e geme.
Lá no largo, a ria é baça
Há asas a bater…a bater de mansinho
Gritos de passarada adivinhando a noite;
Em mim um vazio imenso
Que terei de sorver até ao fim,
Agora sozinho.
Vou fechar a portada
Despedir –me da ria amada
Cá dentro tudo está como era dantes.
Um dia, prometo, vai haver
Uma noite diferente;
Nela só eu e tu, ria (!)
Bailaremos de novo a valsa da vida
Como tantas vezes o fizemos antes..
Nossa a noite largamos ferro
Desfraldamos velas
E partimos, então, sem rumo :
Que importa de onde viemos…
Ou para onde vamos ?!
Tudo o que quero é fugir
De dentro de mim;
Fugir à sede de me procurar
Com medo de me encontrar.
Sf
Dezembro 2013
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