Coisas certas que fiz para pessoas erradas.
Um
individuo não se deve decepcionar pelo que foi fazendo, e não resultou. Mas
pode e deve exprimir, que há pessoas que o decepcionaram.
Na verdade eu não sinto as
coisas subtilmente. Se o fizesse era fácil tornar-me indiferente. Vivo, e queria
continuar a viver tudo :- paixões, emoções, enganos e desenganos, intensamente.
Como se já não houvesse tempo para mais nada…
Volto– me para a ria.
Aconselhado a não sair do
meu paralelo, olhei lá para o fundo as águas claras. Eu não as quero sujar…
E fixei-me numa vaga que
vinha tocada, lá do sul. De longe, trazia-me o quê? Paisagem da outra margem?
Notícias de alguém perdido? Silêncios de quem se sente descoberto?
E a vaga veio e desfez-se,
batendo nas pedras da muralha. E em mim, desfez-se com ela, a angústia da dúvida.
À minha volta o silêncio
deixou de respirar. As gaivotas pareceram desertar,livres.
A vaga trouxe com ela uma
brisa sua. Tocou-me ao de leve para me acordar. A tarde finava-se
sossegadamente, enquanto a brisa leve me cariciava. Só que hoje, não há maresia
que me desperte.
É branda esta tarde do meu
cativeiro. Agora que vomitei a verdade que trazia há longo tempo comigo, e me
incomodava, levando-me a atitudes que não
são habituais em mim, a consciência tem a noção da perda, mas o meu eu ficou limpo de chocarrices.
-vou passear pela vida, calado.
Nunca me arrependo das
coisas erradas que fiz; arrependo-me é das coisas certas que fiz para pessoas
erradas.
SF
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