domingo, agosto 16, 2009


ESCRITORES E PAIXÕES

Tinha a ideia de que Lobo Antunes seria um tipo incapaz de olhar para outra coisa que não fosse a sua trabalhada escrita. Mas ele já tinha avisado. Só que como nos disse que " Hei-de amar uma pedra”não fazia adivinhar que a pedra tivesse requinte de brasileira. A minha relação com os seus livros foi sempre má; muito boa,sim,mas com as suas crónicas.Excelentes. Acho que ele se leva demasiadamente a sério, mortificando-se (como o ouvi dizer de si, muitas vezes) com a aventura de escrever coisas diferentes, de um modo diferente. Profissional da escrita com longo percurso -e hoje notável reconhecimento - diz que por vezes “duas linhas lhe levam o dia inteiro a garatujar e outro tanto a corrigir”; e ou modificar.
Li há pouco que se apaixonou por uma brasileira muito mais nova que ele, e vi-o retratado num gesto afectuoso a receber,no aeroporto, a sua nova namorada -eu que julgava que isso era coisa que há muito tinha esquecido - cingindo-a num amplexo amoroso de que o não supunha capaz.E ainda de ramo de rosas, na mão.
O artigo que acompanha as fotos do papparazi, contém, até, coisas «graves»não provadas, respeitantes a velhotes de mais de sessenta..
Por exemplo, diz a certa altura que, se um homem de sessenta e tais não tem a fogosidade de um de vinte,compensa o facto com outros argumentos (???) ( vide jornal CM). Com rosas,certamente. Tomei apontamento, vá lá saber-se as voltas da vida quando um tipo fica patareco e dá de oferecer flores a uma primeira que lhe faça uns esgares amorosos (?), não de paixão, mas de compaixão.
Aliás pouco faltou para o «voyeur» ter mandado parar LA para o interogar que chumaço era aquele que lavava debaixo do caso .A carteira?., seria?:-perguntaria.
- Rosas meu caro -diria LA desapertando o casaco
Eu aceito como natural uma paixão de Ana Plácido por Camilo. Julgo que Heminghway inspirava vulcões amorosos. Já Fernando Pessoa sempre me pareceu - como de facto o foi-inspirador de uma paixão platónica de uma Ofélia triste. Saramago já com provecta idade, atraiu uma Pillar que lhe trata dos negócios livresco, e, certamente, lhe faz, diariamente, a cama. Lobo Antunes sempre tão ciumento de Saramago (de quem diz cobras e lagartos «do escriba», que diz ser, o autor do «Memorial do Convento»,e…),não lhe quis ficar atrás e pimba: há dois meses cruzou olhares conspícuos com uma brasileirinha que embuchou pelo beiço.
Que pena eu não ter jeito nenhum para romancear. Agora que andava mesmo a precisar de «moçoila» que me fizesse com jeito um cafonè anti stressant.
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Só vale o que disser ….
A morte de Sonaldo, esse extraordinário artista,homem bom ,terno, um ser de eleição sob o ponto de vista de uma prática e posição humanista, invulgares, arrastou com as confidências que sempre ressaltam nessas alturas,afirmadas por próximos que referem um certo esbatimento das duvidas que o actor teria sobre O Divino , na fase final da sua vida.
Não me parece correcto esse tipo de confidências ,sem que o visado cá esteja para poder defender-se.
Acontece com frequência invulgar que muitos que em vida não demonstraram qualquer apetite pelo mistério da Fé, chegados a uma altura de fragilidade(física, emocional ou psicológica) fazerem uma aproximação tardia ao transcendente.
Eu, aqui, já o repeti : as minhas opções só são válidas e poderão ser invocadas enquanto estiver na posse de todas as capacidades físicas e cognitivas. Ninguém tem ,pois, o direito de falar sobre mim em matéria tão difícil a que eu, e só eu, posso dar explicação cabal.
E também não creio que a existir um Deus -imagem superior do homem – o mesmo ficasse contente, e certamente irritado com o atrevimento de quem tendo levado uma vida a desmenti-Lo -ou pelo menos a procurá -Lo noutro sítio,o da racionalidade - e que só por oportunidade de jogar em todos os tabuleiros, viesse, no fim, apostar em todas as bancas.
Não ! ..Era mais fácil eu entrar pelo buraco da fechadura do céu mantendo as minhas convicções até ao fim ,do que oportunista , batesse á porta do S Pedro a dizer que fui um indefectível crente do seu reino. Eu se fosse a Ele, perante esse atrevimento, corria-me aos pontapés…
Há tempos uma iluminada(da fé) dizia-me: agora é altura de te chegares mais a Deus,e pedires-Lhe com mais humildade…
-Pedir o quê, se Ele a existir, já me deu o que tinha para me dar. Devemo-nos contentar com o que temos. E esta chegou-me-respondi-lhe a sorrir .
SF (agosto)

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