quinta-feira, agosto 27, 2009


O SALTADOURO DO «TI TAINHA» por AML.

A Drª Ana Maria Lopes insere no seu Blog
http://www.marintimidades.blogspot.com/, um muito apreciável trabalho, em que descreve pormenorizadamente a técnica do «saltadouro» praticada pelo «ti Manel Tainha», um especialista da arte, e o seu ultimo praticante.Pelo menos no Canal de Mira,pois de facto ainda há bem pouco a vi praticar para o lado do Bico da Murtosa.
Fá-lo com muita segurança descritiva e junta-lhe uma dose inabitual de emoção e intensidade que nos conduz à sensação de participar no cerco. O que para mim, habitual leitor de AML, os Blogs do «Ti Tainha» têm de mais apreciável, é o entusiasmo com que a autora traz á conversa o velho pescador para que este com muita vivacidade, em linguagem própria, nos descreva pormenores da execução técnica da arte. E as palavras descrevem muito melhor o que é conhecido nas fotografias, ou até no vídeo que conheço sobre tal personagem, e sua técnica do«saltadouro».
Ainda sou do tempo que havia, na ria, muitos «saltadouros». A pouco e pouco esse número ficou reduzido ao do « ti Manuel das Tainhas».Figura típica da Praia, aquele mesmo que no vídeo sobre os «200 Anos da Costa – Nova» é evocado pelo Cap. São Marcos, ao referir-se ás chamas que consumiram o palheiro do «Chincalhão», exclamando: -oh…mulheras…oh mulheras, acudi! que o fogo a sair das telhas parecem arànhões.

Assisti muitas vezes a colocar estendal que era o montar do caracol. E fiquei vezes sem conta, por perto, a observar o empalmar das tainhas no redame, adoidadas com as batidelas no fundo da bateira e do bater da vara na água. Era de facto um espectáculo que nos prendia a atenção, e que agora com o registo em boa hora feito por AML, fica conservado para lembrança futura.
Não tenho tanta certeza de esta arte ter nascido na Laguna. Mas isso pouco importa.
O que me ocorre referir era outra técnica muito usada para apanhar as tainhas, especialmente utilizada no canal do Rio Boco. A da «esteira».
Consistia a mesma em rebocar a uns 20/30 metros, uma esteira. Por acção de batidelas no fundo enquanto a embarcação se deslocava contra corrente, as tainhas levantavam voo para aterrarem na esteira onde ficavam a espadanar até serem recolhidas. Curiosamente participei numa pescaria feita ali defronte da Vista-Alegre, em que a esteira era rebocada pela lancha «Borboleta», que possuía na altura. Apanhámos um balde de excelentes exemplares. E também curioso era que o próprio roncar do motor espantava as tainhas fazendo-as saltar quando entreviam a sombra da esteira a deslocar-se.
Aqui deixo este pequeno registo, que o Blog de AML me fez recordar.
E oxalá a autora continue a deitar cá fora muitos dos registos que foi arquivando.Vai sendo hora de os dar a conhecer.

Aladino

Sem comentários:

  67.   Poemas de Abril Abril: síntese inalcançável Já não há palavras  Que floresçam Abril,  Nem já há lágrima...