A vida é feita de ais e silêncios....
Olho a harmonia das coisas
Com a mesma indiferença
Com que olho, e conto,
As desilusões do coração
Desfeito.
Sinto ainda o sabor
do desejo
Que o vento me traz
Por entre as dunas do teu peito.
Entras sem eu querer
Aos tropeções,
Corres por mim acima
As tuas mãos
convulsão de desafios
Teus lábios fazem-me
arder como pavio.
Vens de lá longe
Como aquela bateira negra,
Tão negra como a vida,
Que vem de lançar as
redes
À procura de estranhos seres.
Ai se ela nos enredasse,
A mim e a ti também,
E nos levasse para um canto do mar
Onde teu fogo
Consumisse o meu fogo,
Num a zaragata de ais e silêncio
A esquecer quanto a vida tece
E nos entristece.
SF Março 2015
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