Na morte de Herberto Hélder
Anunciada a morte de Herberto Hélder, uma perda assinalável
( quiçà irreparável...),logo acorreram nas redes toda uma série de clichès, onde (até)
parece que o autor enclausurado, era um
autor fácil, com uma escrita transparente, de adesão universal.
Muitas foram (e são)as citações. Poucas
ou nenhumas enveredaram pela a
apreciação e identificação da poesia do
autor que ,por vontade própria passou de uma vivência em casa de passe, para uma
clausura de desígnio.
É estranho que este mito (H.H.),fizesse
tudo para ser mito mesmo antes de...
Um poema de HH, é como uma Guernica
surrealista de Picasso: olhamos
e temos de aprofundar, ir e voltar, até conseguir o fio condutor que a torne
visível ...e perceptível..
Dizia Pessoa (o mito
anterior a HH) que escrever é
objectivar sonhos. Mas ao dá-los aos leitoes, fica a pergunta: o que tem o
mundo destes como meu mundo interior do autor?
Uma obra de arte pode de imediato
colher todos os nossos sentidos e emoções. Mas pode exigir uma descoberta : do
mundo em que vive o autor. Numa cela ou num deserto. E o mundo do autor pode
ser bem diferente do mundo do leitor .Assim cada palavra escrita pode trair o
autor. Por isso, aqueles que transcendem os limites, obrigam-se a escrever, mas
são avaros em se publicar.
Morreu Herberto Hélder : o País perdeu um artista da escrita que se obrigou a talhar um escritor á imagem do seu ideal.
Tenho contudo a impressão que
ainda é cedo para assimilarmos a sua mensagem escrita. E a de vida...
Comecem ,pois, a lê-lo....e
perceberão que se pode gostar muito(e é ,nesse caso uma orgia...)...mas também
se pode ficar pela interrogação : o quer dizer HH? (não há que ter medo...).
A HH, só lhe faltava saber
tudo...
SF
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