terça-feira, março 25, 2008




SOMOS PORTUGUESES, E BASTA…

Um dia, já lá vão cinco séculos, anunciaram-nos que tantos tinham sido os feitos, e tantas as glórias alcançadas, e tanto fora mundo dado ao Mundo, que dali em diante, nós, Portugueses, não precisaríamos mais de trabalhar (a sério). Abençoados por providência divina, encarnada no nosso excelso e venturoso Rei, teríamos daí em diante, direito a, pelo simples abano da árvore das patacas, e à sombra de uma palmeira, deitados, obter sem cansaço de maior o que precisássemos para sustento – e gozo!...

Já no século XX, vieram de novo uns tantos arautos apregoar que não era preciso trabalhar afincadamente pois que os eram os ricos são que iriam pagar a crise. Viu-se...E quase todos acreditaram que não era preciso trabalho, mas sim, emprego

O País encheu-se de Corporações. Cada qual a ver se melhor amealhava benesses. Individualizar nunca! avaliar : jamais!

Então, perdida a oportunidade de descentralizar para que cada nesga do país, perdido o Império, deitasse mãos à vida, cada uma tentando por si e para si, o melhor, todas as Corporações se ajuntaram na Capital, aí acampando, com o patriótico – dizem! - intuito de fazer bem perceber ao Governo (aos sucessivos governos), que este (s) só manda (m) no que aquelas deixam, de fora. E quando um deles se atreve a refilar, dá de convidar a malta - e primos, amigos e namorados -, pagar-lhes o trem e até uma bucha, distribuir-lhe umas bandeiras e pô-los a gritar um slogan:
A vontade é tua…Governo para a rua!
Nada de muito novo.
Salazar de vez em quando ensaiava «folclore» do género, para proveito próprio. Mas a multidão tanto vai num sentido como noutro.

Governar pelo espectáculo (força) da multidão. Num caso era para dizer que sim; agora é para dizer que não. Valha-nos isso, ao menos.
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E ASSIM SENDO…



Dos trocos que crescem na distribuição do bodo aos ricos, o Governo serve apenas para, parcimoniosamente, os ir, a conta gotas, distribuindo aqui e ali, preferencialmente nos locais onde a gritaria for maior.

Por cá leio em «O Ilhavense», ano após anoconto já doze !..., que,

localmente as alfaias de trabalho foram postas de lado, desistindoa as Instituições de se afirmarem fortes e independentes, arrastando a população a acreditar que o que nascia era produto da vontade colectiva local e, por isso, dum modo mais claramente visto, obra sua. E assim tudo o que nascia era pertença colectiva. Primeiro mostrava-se trabalho.E depois não se pedia: exigia-se apoio.
Agora passámos a olhar para o Estado, para o Governo, com a ideia de que tudo de ali virá, UM DIA!
Queremos um novo Quartel de Bombeiros?!: pedimo-lo ao Terreiro do Paço. Queremos uma Misericórdia: requisitamo-la a Lisboa. E pomo-nos a assobiar, à espera que UM DIA! no-los dêem, sem mexer um passo, ou suar um dia.

Esperamos. Esperamos mesmo que passem anos – muitos anos! -, ainda que repetindo todos esses anos:- para o ano é que vai ser. (querem dizer: vem aí a paparoca…)

Esforço e rasgo individual, sacrifício, entrega: -foi-se. Compra-se tudo feito.
Os portugueses – de todas as partes – sentem que é mais cómodo estender a mão na pedincha, do que levantar o braço para trabalhar. E como têm da vergonha um raro sentido diletante, não se importam de se eternizarem no acto de estender o braço.

Tornámo-nos uns abanadores da árvore das patacas, impenitentes. Mais grave: - desavergonhados

ALADINO
(Cont)

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A « magana » que espere....  Há dias que  ainda me conseguem trazer interesse renovado, em por cá estar  por mais uns tempos. Ao abrir logo ...