segunda-feira, janeiro 21, 2008

AVISOS PAROQUIAIS

NB-Para alegrar estas páginas, decidi abrir os próximos blogs com os «Avisos Paroquiais», pérolas da boa ingenuidade portuguesa no uso da difícil da língua de Camões, provindos de paróquias do interior, que amigo me enviou:
Aqui vai o primeiro.
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AVISO

“Quinta-feira que vem, às cinco da tarde, haverá uma reunião do grupo das mães. Todas as senhoras que desejem formar parte das mães, deve dirigir-se ao escritório do pároco.”

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Inimigos..não tenho…

Abordou-me sorridente e perguntou-me:
-Você deve ter muitos inimigos. O que lhes faz? - Perguntou-me

-Ponho-os no cinzeiro, antes que chegue a ASAE.

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O «ílhavo» e o S. Pedro

O «ílhavo», tipo rude e forte, roncão no falar, sempre foi um homem de carácter, cumpridor nas suas obrigações e temente a Deus. Era conhecida a óptima relação com S.Pedro, orago de predilecção destas gentes, santinho a quem dedicavam fervoroso culto. E a quem anualmente, com júbilo, pompa e circunstância, rendiam notório festim, para o efeito engalanando a vila e a sua Igreja com colgaduras para receber os visitantes que desciam a esta santa terrinha no intuito de gozarem as delicias dos festejos que duravam três dias, mas atraídos, também, pelo bem receber, que era apanágio destas gentes remediadas, mas mãos abertas, coração escancarado no propósito de bem receber.

Tão boa era a relação destas gentes com o porteiro do céu, que corria à boca cheia a faladura de que era bastante a evocação da naturalidade, para que uma alma, ainda que muito penada, ida daqui, visse escancaradas as portas do Céu por aquele sempre atento fiscal do bom comportamento e virtudes, o S.Pedro, olheiro astuto, sempre diligente e operoso no intuito de manter o mar bonançoso do céu, limpo de fraldocos.

Ora num dia em que o S Pedro foi abrir o portal, deu com um façudo mal-encarado, a quem perguntou:

-Então o que pretendes?
-Entrar no céu.
-E tu mereces a dádiva? O que fizeste para tal? De onde és?
-De «Ílhavo»

O S Pedro mirou …mirou, e muito embora desconfiado, lá lhe disse,

-Entra. Aguarda aí na recepção que eu vou lá dentro confirmar a listagem de embarque, chegada pela última pomba da noite.
Passados uns minutos, quando regressou para dizer ao mal – encarado e mentiroso, que não era verdade, que ele não era de Ílhavo, mas estava, sim. na lista de Vagos ,constatou que o homem tinha desaparecido e se infiltrara por uma das entradas laterais, nunca mais sendo visto.

S Pedro ficou fulo, que os Santos, também só são Santos até certo ponto.
E de si para si, lá foi dizendo: -deixa estar que quando me aparecer cá outro já não me leva assim Vá lá um santo acreditar nestes safardanas …

Não tardou muito que ouvisse: Trás…Trás.Trás. Alguém chegava, e parecia ter pressa para não perder a maré da manhã.

-Já lá vai. Se tens pressa vai lá p’ra baixo, que está mais quentinho.E resmungando enquanto entreabria o portão, perguntou:
-Então que és, e o que queres?

-Oh!... S Pedro, sou o Zé Cachino, lá da Malhada, e cri’ia que m’amabotasse aí p’ra dentro… raio! que venho cansado da viaje e c’riame chichar aí dentro. Avia-te, raios.C’ ainda perco a enchente.

- E donde és tu, ó Cachino?

-Sou d’ibalho, raios. Atão eu ia lá astrigar-me a mentir sobre a minha terra. Nado, bautizado e cebado em íbalho, saiba vòssomocê ,santinho. Astão tu não m’enxergas, não t’ alembras cá do Zé? C’intè no mês passado fui juiz da festa c’a ta fizémos. És mesmo desconfiado. Mexe-te que estou p’rà aqui todo engaranhido.

-Não é isso, mas é que noutro dia apareceu-me cá um finório de Vagos – daqueles que deixaram o Senhor na rua para acudir ao bacalhau! - que me enloilou com essa de ser «d’Ílhavo….»

-É S Pedro(?!? ;raios ,estipor !... ,deixa-me entrar c’«amando-te um xalabar de sardinha bibinha,..a saltar …, tenta o Cachina convencer o orago.

-Entra Cachina , entra ;que por essa da sardinha bibinha a saltar, estás identificado,mas vê lá se a mandas da «restomenga».
-Tòmórolha, estás muito sabichão,responde-lhe o Cachino.

ALADINO

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